quarta-feira, 29 de julho de 2009

T.S.C.

Típico dia de inverno em São Paulo, frio, chuvoso, pálido cinza. Acho que esse estado cor concreto de inverno altera o nosso humor. Apesar de ter passado um fim de noite super agradável com uma amiga num Franz Café qualquer da região da Av. Paulista, no caminho pra casa me deu um pouco de bode, acho que baldes e baldes de café expresso não esquentariam nem dariam um up charge no meu humor.

Nada de estranho ou desagradável me aconteceu, só deu bode. Chegando em casa fui fazer algumas das minhas obrigações domésticas, como uma pessoa sozinha em casa consegue fazer tanta bagunça? Uma pilha enorme de louças me esperava na pia. Uma geladeira semi-vazia, esperando pra ser limpa, roupa de cama trazida do sítio pra lavar, secar e dobrar. Queria começar pintar um quadro que risquei, mas nem tive coragem de mexer com tinta, minhas mãos ainda estavam frias de lavar louça.

Depois de tudo pronto peguei um livro qualquer pra ler pra ver se dava sono, batata, em meia hora já estava “descosturando” os olhos semi cerrados. Bom também já passava da uma da manhã, melhor mesmo ir dormir. Depois de todo aquele ritual de preparação pra dormir, liguei o aquecedor e fui pra cama. Escuro, quentinho, silêncio total... Dormi.

03h37min AM – O silêncio do meu quarto é quebrado pelos trovões que perturbam meu sono. A chuva do lado de fora que só aumenta a intensidade é como mãe de filho perdido, chora insistente, desconsolada, invade o silêncio da noite com seus relâmpagos criando estranhas siluetas de luz e sombra pelas frestas da janela. é como algo que caminha aqui dentro do meu quarto, uma estranha companheira que não esquenta só esfria. Cansado de seus lamentos, sento em frente ao meu computador, tento fazer o tempo passar enquanto à meia luz de meu quarto vejo o dançar das luzes na sala, balé desritmado e rápido. Cansado já, abro a janela e enquanto fumo um cigarro, observo os pingos da chuva escorrendo das plantas, das paredes de minha varanda e as diferentes cores dos prédios em volta, a minha cidade é agora, apenas, de linhas e contornos invadida em sua escuridão pelas luzes dos relâmpagos, embalados pelo som da chuva e dos trovões. E os meus sonhos são borrões perdidos em pensamentos soltos aos ventos em uma típica madrugada fria e chuvosa num inverno Paulista.

Acordado.

Percebo que nada parece calmo quando nossa alma é inquieta, nada parece o suficiente quando não sabemos o que queremos. Nada do que queremos é bom o suficiente se não sabemos como dar valor.