sábado, 13 de novembro de 2010

Amontoa aí vai!

Eu sinto muita saudade, saudade dos amigos distantes, dos amores antigos, das casas onde morei, das vizinhanças que conheci, das músicas que marcaram de alguma forma algum “time” que passou, daquela calça jeans que de tão surrada tive que me desfazer, saudade dos dias de menino, dos dias de namorado, das conversas jogadas fora em mesas de bares, dos dias suado por dançar num club, coca gelada na manhã de ressaca, tomar sol sem me preocupar com envelhecer da pele, ou da chuva que não era tão ácida, saudade da pele que tinha, da ingenuidade que perdi, das Augustas e Catherines, das pessoas que partiram pra sempre, das pessoas que não falo com freqüência, dos lugares que demorarei a ir de novo, do tempo perfeito naquele tempo que não volta.

Mas creio que envelhecer é assim, quando consciente de tudo que vivi e agradecido por todos que passaram e tudo que vi e fiz e até mesmo dos meus erros. Vivo com saudade. E me pego rindo de piadas antigas, sentido cheiros de coisas “antigas”, de gosto de beijos roubados. Cigarro e suor. E embora sentir saudade às vezes doa. Sentir saudade me dá a sensação que pra onde quer que eu vá ou o que quer eu faça eu tenho boas referências de um monte de coisas e sentir saudade deixou de ser pesado, sentir saudade passou a ser algo mais profundo do que apenas sentir falta de alguma coisa ou alguém, sentir saudade, aquele arrastar irritante do giz na lousa, virou dar valor cada vez mais a tudo que tenho, as novas pessoas que chegam, as novas coisas que conheço, os novos lugares que vou. E assim vou vivendo, amontoando em volta de mim novas coisas e, claro, perdendo outras, como num vicioso ciclo (un)natural que se transforma e se renova trazendo e levando novas histórias, novos lugares, outras coisas, algumas pessoas e mais saudade.