quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Caiçuara

Our love has come and gone
like the wind in a calm night that comes iacê and silent goes
whispering memories from the bottom of our hearts to the top of our memories
and it does tells truths we don't wanna hear and its acemira


The real meaning of cheating and hurting are screams
apuama with the wind, inside goes,
they can pass thru the tiny holes of punched hearts
unleashing bad thoughts and thorny them up-(in)side-down.


It was supposed to be caraí, but nothing seems to be like it used to be
whisperings are bad signs of things about to change and I foreseeing that
and felt moved inside eçaraia forever and ever, and who is the fault?
Love wasn't supposed to be ecoateyma nor eiguara it was supposed to be clean and sweet.


That is what happens when we don't pay attention,
when we aren't listening its juruara or seeing the signs in front of our faces
and that's why it's far gone now, because we were numb
and it lead us thru different paths and to other ways.


But I ask Rudá to not let me forget how it was before all that inertia
cause who never tried love or never being loved can't understand love.
So, love is what I wish to you, to me, our love, any kind of love, other people love.
Just poranga Love.


(Feeling a bit Tupy: Caiçuara=O que ama, amante (the one who loves, lover), iacê=poderoso (powerful), acemira=doloroso (painful), apuama=que não para, veloz (unstoppable, fast), caraí=forte (strong), eçaraia=esquecido (forgotten), ecoateyma=avarento (greed), eiguara=vulgar (vulgar, crude), juruara=murmurar (mumbling), Rudá=Deus do amor (Tupy God of love), poranga=belo, bonito (beautiful, pretty)

Éramos cinco.

Adoro sentar em volta da mesa de um buteco e jogar conversa fora com os amigo, enquanto observo o mundo ao meu redor. O mundo me parece muito mais curioso quando estou do lado de cá, acho que muita gente também pensa assim. Enquanto falávamos da vida, viagens, trampos, outros amigos, claro que um passeio pelas técnicas sexuais, era inevitável, BJ com Halls, cliclete NÃO por que gruda e dá aflição, pasta de dente nas unspeakable parts e o tão famoso Pompoarismo Quinto Dan (Thanks L). Via as pessoas que passavam, Av. Paulista é o máximo, com seus cachorros, skatistas, executivos, emos, pedintes, vendedores de chicletes para "ONGs", greengos, muitos Jorges e muitas Marias.


Ríamos muito das histórias que cada um contava, nada muito pessoal, gente? Afinal não podemos assustar amigos novos, sempre que a história começava assim: eu tenho um amigo que..., uma amiga que..., riamos mesmo sem saber do que se tratava o resto da história, so silly, mas é tão bom rir com os amigos que chegam e outros que reaparecem.


As pessoas das mesas aos lados ficavam curiosas pra saber do que riamos, a cada gargalhada alguém dava um pulo mais para perto da gente, não sei se era por que estava eu um amigo do trampo antigo ou por que tinha também três amigas da facul, vestidinho, sainha, decotes. Acho mesmo que era por causa das meninas. Mesmo assim, tá valendo.


Sorrisinhos dos mocinhos do lado pras meninas e Jorge's, sorrisinhos, que passavam pro meu amigo e as Marias que rodiavam a mesa, também, tentando achar um par. Super normal nesta cidade, mais normal ainda ali naquele hotspot, final de tarde, começo de noite, mar de mesas invadindo a calçada pouco espaço pro povo passar, melhor ainda pra observar.
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(Vou colorindo meu mundo ao meu modo, mas tem sempre um pincel pra você também)
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

10X15 (Manuel)

No domingo passado estava na casa de minha mãe e depois de passar horas tentando ver um CD com fotos que minha tia trouxe do Maranhão, finalmente conseguimos ver as fotos estilo slide-show num daqueles DVDs-Toca-tudo. Fiquei saudoso e emocionado ao ver uma foto do meu avozinho Manuel, ele se foi a algum tempo já, deu uma certa tristeza, uma grande saudade, tanta coisa que lembro do meu avozinho...


10x15 era apenas o formato de uma foto que traduzia não uma vida mas um momento parado nela, ele em pé com sua carinha triste perdida, fia você é minha neta? Perguntava meu avô à minha prima que tirava a foto, meio contrariado pois ele não conseguia lembrar quem era a moça bonita com barriguinha de fora que parecia estar com ousadia mostrando aquela maquina estranha na cara dele.


Em pé camisa branca, tão diferente do que eu lembrava, velhinho com cabelos brancos, cara enrugada, mãos cançadas, suas orelhas grandes e compridas que só quem vive tanto tempo consegue te-las, (orelhas e nariz nunca param de crescer) nem sei a idade dele naquela foto, muito menos a idade que ele tinha quando ele se foi.


Em pé ali calças cinzas, mãos paradas de cada lado de seu corpo, lembro que ele vivia batendo as mãos uma na outra, cantando alguma música que não fazia sentido ou assobiando, alto, sempre animado, sempre otimista. Quando perguntávamos se ia chover naquele dia, mesmo com o céu fechado, ele dizia que iria fazer muito sol (como no Maranhão) era só esperar pra ver e se não fizesse hoje, faria amanhã.


Em pé, parado, com seus chinelos, os de dedo não fia, eu não gosto do cabresto ai pelo meio, ele nos ensinava fazer arapuca pra pegar passarinho, tinha paciência de ficar lá esperando aparecer o passarinho que ele queria pegar, senão fosse ele soltava e pronto. Ele era engraçado, várias vezes, minha mãe não o deixava tomar café puro, na idade dele nem sei se era bom mesmo, porque ele ficava agitado, mas de vez em quando o pegávamos tomando café puro e dizíamos a ele que não era bom, então ele ia a cozinha e enchia um copão de leite e tomava, de uma vez, ai começava a pular pela casa, parecia um canguru. E quando perguntávamos o por que ele pulava ele dizia que era pra misturar o leite ao café que tinha tomado.


Parada em algum lugar está a memória dos dias quentes em São Mateus, roubávamos manga e depois de fugir do boi-bravo, comíamos à sombra de uma árvore, onde meu avô esperava, depois ia no cavalo com ele tomar banho no rio Tapuio, ele carregava sua espingarda ao lado do cavalo, nos ensinava a atirar eu devia ter uns dez anos quando dei meu primeiro tiro.


Parada aqui dentro está a lembrança das noites quentes, céu negro-azulado e tão cheio de estrelas, cheiro de bosta de vaca, cheiro de goiaba, brisa que assobiava entre as frestas das janelas das casinhas simples, paredes de barro, telhado de palha, deitados na rede ele contava suas histórias de lobisomem, mula sem cabeça, mulheres de branco e suas caçadas pela aquela mata toda a fora e aqui dentro ficou só a saudade.



(Saudade sentimento que não passa nunca e jamais acaba)

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Curumim


Era ele um menino não como outro qualquer, ele era muito especial descendente direto de uma tribo indígena muito antiga, quase extinta, lá do meio, super escondido, da Amazônia, eles diziam que esses índios tinham poderes sobrenaturais, meio mágicos, eles podiam ver o futuro, chamar chuvas, falar com os animais e com os insetos.

Mas ele havia sido trazido para a cidade bem pequenino em meio aos lenços e chapéus da mulher daquele visitante forasteiro que um dia chegara sem querer a tal secreta tribo. Criado, como próprio filho, pela mãe branca ele tinha hábitos que seus irmãos não-adotivos não tinham. Sempre depois que a mãe lhe dava banho penteava seu cabelinho negro e o vestia com suas roupinhas de menino de cidade grande. Ele esperava a mão dar as costas e corria na caixa de ferremanta do pai, arrancava toda a roupa e se enrolava inteiro com a fita isolante, cada vez era um desenho diferente que fazia com a fita, braceletes de guerra ou faixas cerimoniais.

Quando a mãe dava conta lá estava ele correndo pelado, enrolado em fita isolante, pelas escadas ou playground do prédio, pulava, dançava, gritava palavras que ninguém entendia. Ele era muito selvagem estava sempre arrumando encrenca com os outros meninos (somethings never change), achava injusto quando os meninos colocavam sal nas lesmas, ficava bravo. Então os mordia. Quando os mais velhos brincavam de amarrar o sapo na cordinha e jogar nas meninas, ele pulava em suas costas, puxava-lhes os cabelos, mordia e chutava enquanto eles gritavam girando com o pequenino indiozinho pregado em suas orelhas.

E quando ele previa que não vinha chuva e sim tempestade ou quando se sentia sem força, apertado, contra todos os meninos grandões sua única saída era pedir auxílio aos animais, mas como em meio da cidade grande não havia muitos, então tinha que recorrer aos insetos:


- Joaninhas! Venham me ajudar!


Era isso que ele gritava. E elas sempre vinham e tudo ficava bem outra vez.
(Onde será que elas foram parar agora que preciso tanto de ajuda)
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