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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ela não estava mentindo.

Parado na plataforma da estação Ana Rosa com um amigo, observava as pessoas em volta, nada além do normal era observado senão fosse aquela garota, pele morena, cabelos escuros, mais ou menos da minha altura, corpo que poderíamos chamar de “gostosa” nem muito magra nem muito gorda. Usava uma bermuda de lycra brilhante, uma camiseta dessas de competição com alguns logos de patrocinadores, sandálias Havaianas, um boné preto e nas costas uma bolsa saco pendurada.

Impaciente eu olhava para o túnel pra ver se o trem vinha, ela estava diretamente na mira do meu olhar, mas eu tentava ser discreto o suficiente para que ela não notasse, mas ela de alguma forma percebeu que olhava, ela começou insinuar-se; passava a mão na bunda e olhava com uma carinha meio “perva”. Cutuquei meu amigo e ela meio que deu um sorrisinho de canto de boca pra gente. (Chocolate ao leite com lâminas de laranja).

Logo o trem chegou, entramos todos, ela na frente. Vagão lotado, quase todos os assentos ocupados acabei ficando em pé com meu amigo frente às portas que já não abririam mais. Ao meu lado esquerdo a garota sentou-se. Em frente dela dois rapazes, que já estavam no trem quando entramos, conversavam sorridentes. Num relance de olhar o rapaz olhou pra moça e com um sorriso muito branco, fez um gesto com a cabeça para o outro moço, ela logo lhes abiu um sorriso e começou puxar assunto.

(Ah! Esses hormônios! Pensei).

-Oi tudo bom? Tá calor não é? (Ela soprava pra dentro de sua camiseta pela gola semi puxada pra baixo.)
-Sim muito quente! (O rapaz do outro lado do corredor mostrou interesse e projetou levemente suas costas para frente).
-Eu estou ficando doida com esse monte de gente e o tanto de coisa que tenho pra fazer e esse calor que não passa.
O rapaz só sorria. (Em meio a noite a lua era muito branca).
-Faculdade e treino uma correria, e essa semana tem feriado e depois mais feriado e pronto acabou o ano! (Ela disse sorrindo).
-Qual seu nome? (Perguntou o rapaz, abrindo suas pernas e colocando a mão levemente sobre seu “pacote”).
Ela soltou sua camiseta e passou uma das mãos sobre uma de suas coxas.
-Luciana. E o teu?
-Paulo.
-Você mora aonde? (Ela perguntou curvando-se pra frente também).
-Moro aqui na Consolação, mas estou indo pro Pantanal.
Nossa que longe! Mas você está indo pra lá agora? (Ela mais interessada mordia os lábios).
-Sim pro bairro Pantanal, estou indo correr, quer ir com agente?
-Há há! Eu não corro, eu nado em competição.
-Que legal! Tipo olimpíadas? (Ele muito sorridente perguntou, quase na ponta do banco onde estava sentado).
-Sim, das paraolimpíadas. (Ela falou levantando e curvando se perto do rosto do rapaz.)
Olhando pra ela ele perguntou o por quê?
-Eu não gosto de falar nisso, tenho vergonha. (Com uma das mãos apoiada na bunda)
-É que eu tenho problema! Já indo em direção a porta do vagão.
Após olhar bem para o corpo e concluir que ela não tinha nenhum problema físico aparente, ele em tom de brincadeira falou:
-Só se seu problema for mental, por que olhando pra você eu não vejo nenhum problema!
Ela sorrindo disse:
É isso mesmo eu tenho um leve retardamento mental!
Voltou e deu um beijo no rosto do rapaz e disse:
Adeus, um feliz Natal pra você!

(Ela não estava mentindo)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um pé de garoto.

Esse semana fui visitar minha mama e morri de rir e não tive como não tirar uma foto. Embora eu seja super urbano e às vezes prefire o som dos carros a sons de passáros. Existe algo sobre bairros que me dá uma saudade dos meus dias de muleque; sentado nas calçadas jogando conversa fora,ou as tardes quentes de férias onde jogavamos voley e depois tomavamos banho de mangueira. Saudades desta época, saudades da hoodbarrapesada, suas pessoas e suas histórias.
(Qdo ele me viu com a camera ele deu uma risada gostosa e me perguntou se a pose estava boa.)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Foda-se

Ufa! Que coisa né? É bom sentir se leve, de uma forma esquisita talvez, mas já nem me importo mais. Não sei o que tem acontecido, mas tenho dito muitos “foda-se” ultimamente. E acho ótimo, ótimo por que eu andava muito preocupado com coisinhas bestas. Minhas aulas na faculdade já re-recomeçaram, minhas aulas no cursinho também, tenho feito dois turnos no “caminho da sabedoria” e aonde este caminho vai me levar? Foda-se! Não sei, eu só sei que hoje, vou de peito aberto pra qualquer direção. Conheci umas pessoas que me afeiçoei muito rápido, esse é meu novo “moto”, vou destrancar todas as portas. Abrir todas as janelas e deixar a luz entrar se é do sol ou da lua, foda-se.
É bom não ter mais aquela maldita aflição (bipolar, daqui a pouco pode aparecer outra fase, mas foda-se), na verdade ando meio cansado e hoje ainda é terça feira, mas foda-se. Peguei muito transito hoje por causa da chuva, escorreguei e cai no centro da cidade, plena Praça da República, naquela água suja do vai e vem do pisar das pessoas, levantei olhei em volta todos olhavam debaixo dos guardachuvas, comecei rir sozinho e continuei meu caminho. Esse semestre terei apenas aulas que não curto, tenho pouca grana pra sair para baladas, nunca me senti tão VIP (very incredible poor), comprar regalos para mi pies, que gosto tanto, vai demorar um pouco. Mas meu, de verdade, seja lá o que acontecer daqui pra frente. FODA-SE!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Além daquela peça "velha" do bazar.

Fui a um bazar da igreja aqui perto, na verdade sempre que tenho um tempo (esses últimos tempos tenho tido muito tempo) passo por lá. Nem sempre tem algo que me agrada e quando tem se estou com dinheiro no bolso acabo comprando algo, coisas que nem sempre são uteis pra mim, nem sempre são tão legais assim, mas também nem ligo. Sempre acho uma utilidade e adoro coisas de tempos que não voltam mais. Tempos que eu não vivi, coisas que carregam marcas de seus antigos donos, certa energia que me atrai para algumas coisas, algumas pessoas que conheço não gostam muito, mas eu adoro. Sei lá por que, sempre tive uma ligação com coisas velhas, antigas ou se preferir de segunda mão. É eu sei, sou meio estranho (Falei!). Mas continuando, lá na no bazar estão vendendo um PIANO SCHWARTZMAN, eu passei por ele várias vezes, aquela caixa marrom, quase da minha altura, acabei não resistindo e o abri. Ele está meio maltratado, meio manchado pelo tempo, talvez uma certa umidade, toquei com meus dedos levemente suas teclas, o som era muito bom. Quando eu vi que as pessoas me olhavam, talvez por eu não saber tocar, levei minha mão até a tampa e uma senhorinha chegou perto de mim e disse:
-Não feche. Por favor, me arrume uma cadeira.
Fácil tinha tantas por lá, arrumei uma cadeira pra ela. Ela sentou-se, coluna extremamente reta, parecia uma jovem de 16 anos, esticou os braços a frente do corpo, estralou os dedos. Começou a tocar, o som veio tímido, miúdo e espaçado, as pessoas foram chegando mais perto, o som foi crescendo, aumentando, alegrando, essa senhorinha de corpo frágil parecia uma criança brincando com os dentes de um monstro que sorria. Antes de acabar a música ela parou. Ajudei lhe levantar, elogiei e ela pegou-me braço e foi me acompanhado até a saída. Antes da porta ela me disse que este piano era dela, e que tinha doado a igreja por que o marido que tinha dado de presente pra ela tinha morrido o ano passado e que só agora ela teve coragem de se desfazer dele. Eu lhe agradeci pela música e lhe dei um beijo no rosto, saí de lá correndo, toda aquela alegria da música e toda aquela tristeza nos olhos dela lotaram meu coração a ponto de me sufocar, uma mistura de tristeza, esperança, mistura de tantas outras coisas juntas, que senti minha garganta secar, meu coração pular e uma vontade muito grande de chorar.
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(Tenho andado assim meio distraído, meio pelos cantos, meio chorão, as coisas que fazem sentido não fazem sentido algum, as coisas que não fazem sentido já nem noto mais, tenho tido apenas uma coisa em minha cabeça... )

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Essas canções, que me tiram do sério.

Ai, ai hoje depois de ficar num dorme e acorda sem fim dentro do busão no caminho pra facul, estava super atrasado para primeira aula, teria prova na quarta e quinta aula, tecnologia têxtil, super legal a matéria, mas muito foda. Já cansado antes mesmo de chegar, finalmente alcanço a Avenida Rio Branco no centro, super charmosa com suas pequenas casinhas de strip e suas moças trabalhadoras e distintas de famílias boas, seus barzinhos lotados de simpáticos e perfumosos nigerianos, (tentando ser um pouco “Melissoliana”) e foi num destes bares que parei pra comprar cigarro, precisaria fumar um maço inteiro pra conter meu nervosismo antes da prova, dez perguntas dissertativas, sobre cores, tingimento, luz, espectrum de cor, estampa, cilindros, enxofre, banhos, alvejamento e afins, no meio de todos estes pensamentos enquanto observava em volta um barzinho simpático com azulejos brancos até a metade da parede o resto era de uma cor alaranjada, tinha mesinhas de aluminio e um radinho numa prateleira, pintada da mesma cor que a parede, no alto atrás do caixa, eu esperava o moço me dar meu troco e do radinho lá de cima pra baixo, em cima de mim, abriu a fossa...
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(Bethania - As Canções...)

(Uhum, aham, ah táh, a bit hard to think straight about the test or about anything else, just grabed my change and flew away, whishing for a hard rain to start)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Eu Heim.

Conversando com uma amiga “gay-l”, falando das diferentes possibilidades de romances,
-Escorrega teu dedo pra dentro de minha boca...
E falávamos de como tem gente estranha no mundo, principalmente neste universo,
-Force até o fundo, tire meu fôlego...
Eu não sei o que dizer, pois já vi e ouvi coisas que ainda me deixam intrigado,
-Com tua outra mão, pegue meu braço e gira teu corpo pra trás de mim...
Eu não sei se ainda sou um pouco ou muito “puritano” em relação algumas coisas,
-Segurando com força meu braço atrás de meu corpo, não tire, de minha boca, o outro dedo...
Na verdade acho que algumas coisas até passam, quando se está lá, no “calor do momento”,
-Deixe-me sentir o calor do teu corpo, largue meu braço e coloque tua mão dentro de minhas calças...
Mas realmente, ainda assim, tem, algumas coisas, que, fazer, em pé, em frente delegacias me dão um pouco de medo.
-Isso, fundo, quero “acabar” assim, de frente pra eles...
Sei lá né, como disse o M: "Ado, aado, cada um com seu pote de picles"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Amigo que te quero ter, meu que te quero ser.

Tenho alguns amigos, conhecido, vários, existe uma porção muito grande em mim que é “dada”, conheço gente às vezes no meio da rua como aconteceu sábado. Estava eu sentado, no degrau de uma loja que estava fechada, esperando o bumbo num ponto de ônibus da Avenida Jabaquara, tinha pegado o ônibus errado por isso desci neste ponto e estava lá esperando o ônibus certo. Chega um cara, (mano, até achei que era Elza) para do meu lado e pergunta se havia passado um tal ônibus, disse que não. Ele tira do bolso o maço de cigarros me oferece um e senta ao meu lado. Ai começa contar sua “história”, disse que estava voltando pra casa, era umas 22h, disse que tinha se dado mal no role, saiu de casa na doida para tentar encontrar uma galera que ele conhecia que costuma frequentar um pagode perto de onde estávamos, só que chegou lá e não tinha ninguém, conhecido.
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Minha pergunta foi: Por que você não ligou pra um dos amigos antes de sair?
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Ele responde que foi roubado há algum tempo atrás e não tinha mais o numero de ninguém, por isso andava pelos lugares onde ele sabia que o povo poderia estar. Então ia pra tentar encontrar, (comecei achar estranho e interessante). Então perguntei quanto tempo já fazia isso, ele disse quatro meses, eu curioso, mas você não encontrou ninguém nesse meio tempo?
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Ele disse que não, que o povo havia sumido, fiquei pensando que doido, ainda bem que sei onde meus amigos estão, me deu um pouco de pena do rapaz.
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Na hora me veio na cabeça aqueles “amigos”, ele me disse que a vida dele estava estranha tinha perdido o emprego, (quatro meses atrás e foi roubado na semana seguinte que foi demitido), e que a ultima vez que viu a turma dele foi no final de semana depois da demissão. Bom os amigos do cara sabiam que ele foi demitido! Que ia ficar difícil pagar a prestação do carro. Mas não sabiam que ele foi roubado. E que teve que, realmente, devolver o carro, por que não ia mais poder pagar. Falamos de um monte de assunto, ele queria mudar de profissão, então falei dos cursos técnicos do SENAI que são digratis e ele me acompanhou até o metro por que o busão estava demorando demais, apertamos as mãos eu desci e ele foi pegar o ônibus no terminal Vila Mariana.
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Do aperto de mão até a estação São Joaquim fui pensando na conversa e nos “amigos por ocasião”, que estão por perto enquanto está tudo bem, quando você pode dar carona, buscar em casa e devolver (a mala), deixar dormir na tua casa por que você mora sozinho, pagar a balada ou o que ele (a) bebe na balada, apresentar gente que interessa pra pessoa, tipo seus outros amigos legais como você. Existe um monte de gente assim, eu sempre reconheci de longe esse perfil, (gente sem passado “real” que os outros amigos de quem fala nunca estão por perto, agente só ouve falar mas nunca vê, chega até parecer mentira tudo o que a pessoa fala, e às vezes é mesmo).
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Mas eu acho que interesso muito pouco pra esse tipo de amigo, não tenho muito destas coisas pra oferecer, ofereço apenas o que sou além da minha charming personality, (não reclame eu posso piorar), não tenho mais nada (moeda) pra oferecer e tenho certeza que; quem fica na minha vida, fica por que gosta de mim ou me odeia o suficiente pra alugar um camarote para ver de perto eu me fuder. E isso me diverte também, porque com o tempo agente aprende que isso tudo faz parte da vida, não que seja bom ou ruim, se você sabe reconhecer os sinais e não se ilude com esse tipo de amizade beleza you are safe until the day the next one will come along and the next one, and so on, and on, and on...
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(Eu Amo Quem Está e Sempre Esteve Permanece. Eu Não Esqueço e Jamais)
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(Varre o vento, lava a chuva, mas tua alma sempre estará suja)

quinta-feira, 19 de março de 2009

“Será que precisamos de gravata ou de seriedade?” *

Há alguns anos atrás eu devia ter uns quatorze anos, estava eu visitando o Amazonas e pra variar no verão por lá além do calor e da umidade chove pra cacete. E lembro que estava conversando com minha mãe na porta do hotel antes de sair e falei pra ela que não queria sair na chuva, ela disse que a chuva ia passar logo em minutos (mãe sabe), e nesse meio tempo uma índia velha parou em baixo do toldo do hotel ao nosso lado, eu perguntava para minha mãe por que chovia tanto naquela cidade, a índia ouviu e disse: A natureza sempre chora a partida de alguém ou alguma coisa querida, e eu curioso perguntei quem havia partido ou o que. Ela me respondeu: Agente não precisa saber agente só sabe. Segundos depois a chuva passou ela foi pra um lado e eu e minha mãe para o outro.
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Lembrando disso eu fiquei pensando no dia que o Clô se foi e a tempestade que caiu em Sampa, pura coincidência? Sei lá. Não tenho resposta pra isso. Eu o conheci na gravação do seu programa na REDETV há alguns anos atrás quando eu trabalhava com um amigo, ao contrário do que falavam dele, ele foi super simpático comigo, ele apertou minha mão (ele tinha mãos bonitas e aperto forte), pediu pro camareiro (rapaz forte e bem apessoado) me trazer um café, falava muita coisa sempre num tom de voz baixo e agradável, muito educado fazia suas piadas de duplo sentido, que só pra alguns fazia sentido. E já quase na hora de ir embora ele fez uma coisa engraçada; meu amigo parou ao seu lado para posar para a foto de uma fã e ele puxou meu amigo pelos os ombros e o sentou em seu colo, bem no momento do click, meu amigo ficou com cara de tonto e sem reação, e todo o set veio abaixo em risos.
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Depois do Igapó te vemos no Aceguá.
* Clodovil Hernandes.
(Igapó = enxurrada, enchente, Aceguá = Vale da Lua)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dou zero pra ele?

Cheguei ao ponto final no Terminal Princesa Isabel, normalmente tem uma galera conhecida esperando o busão, mas hoje eu fui o primeiro a chegar e nada de bumbo, passado alguns minutos o ônibus chegou e vi um cobrador novo que não conhecia, desceu atrás dele o motorista de quase todas as noites, (um doido, quando volto com ele chego em casa em meia hora, levo normalmente pra voltar uns 50 min. e às vezes uma hora e dez).

Bom, entrei no busão, logo em seguida entra um moço que deve ser enfermeiro ou estudante de alguma coisa que precisa usar roupas brancas, não, ele não é do catimbó, pois ele está de branco todos os dias e carrega sempre muitos livros, ele me dá boa noite e senta no banco ao meu lado do outro lado do corredor.

A mulata bonita de cabelos alisados e olhos verdes que estuda direito na facul perto da minha, (já ouvi ela conversando sobre seu curso com alguém no telefone), entra em seguida elogia meu chapéu, eu agradeço com um sorriso e ela senta no banco da frente do moço enfermeiro.
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Atrás dela, depois do cobrador entra o moço segurança morrendo de rir, me dá oi e senta no banco a minha frente, o cobrador falante mais que tudo, começa rir e pede licença pra moça e começar narrar sua história.

Isso chama minha atenção e quando tiro os olhos do livro e olho pra ele e ele com sua cara de quem esperava algum entendimento ou compreensão com sua história. Então ele começa, com um Português ruim e um sotaque arrastado de quem veio da “Grande Bahia”: Vê se pode? Olha só moça, me desculpe falar, eu não gosto de falar dos outros quando eles não estão por perto, mas eu não podia deixar de comentar isso, poxa vida como sou bocudo.

No caminho pra cá, uma moça bonita entra, para do meu lado em pé aqui (apontando para o lado) começa com uma conversa mole de que não namora por que tem muita sorte no jogo, mas pouca no amor. Veja bem ela é bem arrumada, tem os cabelos na bunda, olhos bonitos, sempre bem maquiada, e desculpa a franqueza moça, ela é bem ajeitada de corpo parece um violão. Ele continua, falando, fechei meu livro. E parei para ouvir, ele notando meu interesse, olha pra mim e diz, viu menino vê se você concorda, acho difícil uma moça tipo modelo alta bonita não ter um homem pra cuidar dela, até as moças da “Praça do Psiu” conseguem fazer dinheiro. Arregalei os olhos.

Sabe eu sou homem muito sincero eu não gosto, às vezes, do tamanho da sinceridade que tenho, mas minha mãe sempre diz, é melhor se arrepender do que disse do que perder a oportunidade de dizer.

Já estava me corroendo por dentro pra saber o que ele tinha dito à moça e por que. Então ele continua, né Tonho, chamando a atenção do motorista que gritava alguma coisa lá da frente, mas eu não consegui ouvir. O cobrador falou: Você me viu quase caindo pra trás? Tonho eu tava era fugindo, ela chegava perto e eu ia me empurrando pra fora da cadeira.

Bem sério, os moços já riam sozinhos, o segurança e o enfermeiro, enquanto advogada to be e eu continuávamos sérios tentando entender.

Vixe Maria! Disse o cobrador, eu não consegui ficar calado, quando ela me perguntou qual era o problema dela, te juro que tentei pensar em outra coisa, mas o vento não ajudava meu irmão. Falei pra ela posso ser sincero? Ela disse que eu podia e eu achei que podia estar ajudando. Falei não me leve a mau, mas acho que isso pode ajudar.
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Ô Fia vai ao médico. Ela olhou assustada e perguntou por que, eu disse fia teu problema é o bafo, pode ser estomago, pode ser caso de dentista, mas fia to quase caindo da cadeira. (Desculpa, mas me deu vontade de rir, segurei firme, pois ele estava sério). Fia homem gosta de mulher bonita e você é um estouro, mas fia mulher com bafo é ruim. Ele continuou: A coitada ficou branca, pois a mão na boca e pediu desculpa. Cobrador eu nunca percebi, vou com certeza ao médico, ao dentista sei lá, agora que você me disse isso, eu estou realmente preocupada. Então ela passou a catraca, apertou o sinal, me deu um beijo no rosto me agradeceu e desceu.

Viu moça eu não to rindo do problema alheio não, eu mesmo já passei por isso, mas era por causa do chulé, mas graças ao pó de pé, aquele do frasco marron eu não tenho mais, eu tava rindo é por que o motorista, né Tonho? Disse que eu era cara de pau e filho da puta. Eu na verdade só me acho sincero e bocudo.
(Quando entendi o que era, me deu um pouco de vontade de rir e um pouco de pena da moça, imagina que constrangedor, mas talvez isso possa ajuda-la)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Não se cozinha arroz de festa.


Depois de alguns acontecimentos toscos da vida. Andava de bode de sair de casa. Precisava ficar só comigo mesmo. Acho que às vezes, somente às vezes é bom, tinha também aquele lance de inferno astral e tal. Mas eu sei que não consigo ser diferente do que sou, sou do mundo e do povo, adoro estar por aí e conhecer gente. Assim, voltei a aceitar todos os convites. Terça-feira uma dear amiga (Debbye) que já estava, quase, desistindo de me convidar para os “eventos” me chamou pra ver a apresentação de uns curtas, do grupo Coletivo Cultural Baobá, três curtas muito bons, teve um que me comoveu muito “Os Sapatos” de Aristeu Luiz René Guerra-São Paulo, 2008, 17’, ótemo, mas enfim a festa não tinha só isso, foi na Casas das Caldeiras um espaço muitíssimo interessante, tinha DJ (bem alternativo) com um set list só de brasilidades e muito boas, exposição de arte, meio que instalações que eu adoro, e muita free cachaça, gente bonita, doida, depois de brincar de vira-vira (cachaça) com hot argentinos, e conversar, muito, em inglês com uma francesa linda, sai turvo de lá por volta das cinco e trinta da madruga, da manhã, who cares.
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Tudo muito bonito, muito “mara”, mas no dia seguinte, não, três horas depois, às oito, tinha que, encontrar uma amiga (Ráh) pra ir num lançamento de uma coleção de tecidos do grupo Advance Têxtil, fino tá, foi no Buffet Tôrres, comunidade Judaica em peso compareceu, um povo chique sabe. Naquele calor, quase todos de preto básico, (eu também, no meu caso foi a pressa). Minhas olheiras até o pé, bafo de pinga e ressaca de cigarro, praticamente todo cagado, havia dormido duas horas apenas, mas valeu, pra caralho, a pena, muitas idéias, tecidos lindos, modelos melhores ainda, rolava um desfile de moda praia, fitness, fashion, underwear, tinha até um ator da Globo desfilando, mas abafa. Na verdade, ultimamente tá tudo valendo, convite pra Batizados, Bat Mitzvahs, vou. Velório, Casamento vou. Raves, Roubadas, Sambão no morro. Tô lá nêgo.
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Porque no final das contas “constipada ficava a tua vó”.

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(Esse foi o único video que dá pra ver alguma coisa, Uila, Debbye, Thi, Fê e o resto do povo)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Back in town

Depois de cinco noites e cinco dias, da mais perfeita paz e preguiça estou back in the city, my beloved city.

Foi tudo muito bom, descansei muito, respirei ar puro, enjoyed the view, conheci: Itapira, Águas de Lindóia, Jarinu e Jundiaí, adorei tudo but is so good to be back home, não que tenha algo que reclamar da cidade ou do meu anfitrião que me aguentou estes dias todos, comigo, o tirando de sua rotina com minha inquietação, mas é que adoro essa bagunça que é Sampa.

Na verdade foi muito bom estar perto dele estes dias, sentir sua calma, como ele mudou dos dias que éramos mais jovens, ele sempre muito atencioso me mostrou vários lugares, nada de fervo, (com excessão de um dia que fomos à Águas de Lindóia comer uma pizza, e passamos bem pelo meio do "Carnaval" da cidade), somente coisas boas pra alma, adorei.

Bom again is good to be back.

Achei esquisito, mas tirei a foto anyways, sabe como é em tempo de crise até "igrejas evangélicas" estão se virando como podem.
(Clica na foto and take a look)
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(Pe, muito obrigado por tudo, sua amizade sempre foi e sempre será muito importante pra mim)
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Andando pela Liberdade.

Andando pela Liberdade (amo) correndo na verdade, tentando chegar em uma entrevista, (não estava atrasado, só ansioso), passei correndo na frente de uma loja e derrubei um "mini me" um garoto meio emo, meio japa, de cabelos com luzes laranja e que ouvia seu MP3, tentei levanta-lo, ele não falava uma palavra em português enquanto eu pedia desculpas em português ele começa conversar comigo em inglês, very bad english, but I'm used to asian people speaking english, all those days spent talking to a Corean friend and at Phily's Chinatown helped.
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Eu estava todo preocupado em ver se ele tinha se machucado e ele feliz por encontrar alguém que falava inglês, disse que falava muito mau Japonês (not just Japanese), por que é Coreano, eu parei e comecei conversar com ele, desinteressadamente, mas curioso, o mínimo que eu podia fazer.
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Perguntei o que ele ouvia e ele me deu seu fone, e me disse o nome do grupo, era um grupo Coreano chamado Loveholic, e eu curti bastante o som, ele tentava traduzir a música para Inglês, mas se confundia todo e me confundia também, foi engraçado.
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Entre outras coisas ele me perguntou o que tinha pra fazer na cidade, pra dançar, tirei meu caderno da bolsa e dei um monte de nome de lugares e endereços e falei quais eram "GLS" e quais eram "str8", até agora não sei o que ele vai decidir, mas enfim ele me acompanhou até a esquina da rua que eu ia, me deu um aperto de mão e me disse: "Jou save my live Mr.". Ao ouvir isso me deu um aperto no coração, então eu o puxei e dei um abraço nele, sei lá por que, só sei que fiz, (sou assim né, cheio de reações estranhas), ele ficou mais estranho do que o impulso que tive, (nem ligo), dei tchau e segui meu caminho.
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Fiquei com a música na cabeça e como disse curti a voz da cantora, e depois de acha-la curti bastante a letra, (em meio toda essa bagunça) it made a lot more sense.
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(My way, may not take me anywhere from here, but it always makes me take a look inside. You, me, them.)
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Loveholic - Flower Pot

.(feeling myself as a flower pot)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

"A felicidade é um par de botas"

O que é felicidade?

Essa realmente é uma pergunta difícil de responder, algum tempo atrás estava meu pai e eu no carro conversando sobre um assunto qualquer, eu gosto muito de conversar com meu pai, e ele solta essa frase que de vez em quando diz, desde pequeno eu ouço isso, mas somente naquele dia fez sentido, eu consegui finalmente pegar o significado.

Percebi então que essa busca incansável pela felicidade é uma coisa que existe dentro de cada um de nós, indiferente da classe social, gênero e idade e por diversas fases da vida ela está ligada a alguma coisa (pessoa) que naquele momento faz toda a diferença, é a peça que falta dentro da gente pra, às vezes, completar nosso próprio sentido.

A menina que ganha a tão desejada Barbie (peão), ou menino e seu mega videogame (ou não), receber a visita de um primo(a), visitar a vovozinha que mora longe, sentido que se faz e sentido que se dá. Mais tarde quando adolescente, ir ao shopping, ver um filme com a galera sem a supervisão dos pais, dar o primeiro beijo no “escurinho do cinema”, viajar pra praia com a família do amigo.

Ai agente vai crescendo, o motivo, a sensação cresce em conceitos, ter seu primeiro emprego, ganhar o primeiro salário, ter a roupa de uma determinada marca, sei lá, carro, entrar naquela facul, passar no estágio. Ser promovido, de atendente pra caixa, ver o ex-chefe cuzão se foder, cada um cada um.

As coisas vão progredindo com o tempo, uma noite especial com uma pessoa, especial, aquele torpedinho na manhã seguinte, estar apaixonado e ser correspondido, aquele Carnaval na praia, muito churras e bebedeira com os amigos, aquela viagem pra Europa. Aquele bilhete só de ida, marcando o retorno ao seu Estado ou seu País. E tudo mais que possa ser gostoso naquele momento, naquela fase. Que nos dê um sentido especial que nos crie um sorriso nos olhos, alegria, uma satisfação mesmo que efêmera.

A felicidade ao meu ver, às vezes, não está relacionada ao todo, mas sim aos pedacinhos que montam este complexo quebra-cabeça que é a humanidade, podem mudar rumos pra sempre ou simplesmente acalentar o coração, são os pequenos gestos, as pequenas conquistas, as pequenas idas e vindas, são os pequenos passos dados dia após dia, ano após ano. Ou às vezes simplesmente e tão somente a felicidade é “apenas” um par de botas.

(Seja perto ou longe, vou sentir saudades de vocês, Gu e Guria)
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Novo semestre

(Os "modernosos"e nossa ex pro Claudinha)
E o ano realmente começa agora. Hoje foi meu primeiro dia de aula deste ano e achei que ia ter toda a palhaçada de ir pro auditório e ouvir 3hs de bullshit. Que nada, os caras já chegaram de pé no peito, eles sempre começam o semestre na miúda, desta vez já chegaram chegando, que meda já até sei como será este semestre.


Eu fico puto na verdade quando as outras faculs começam em fevereiro, lá vai o povo do SENAI e a qualidade total começar as aulas em plenas férias e o pior é ter que pagar passagem inteira pra ir à terra do nunca do Bom Retiro, “bilhete escolar só em fevereiro”. Tem alguma coisa errada.


A parte boa é que revi alguns dos “modernosos” da minha sala, que eu adoro, (achei nosso apelido até bonitinho, mas a Rô tem outra teoria, já que nem somos tão "modernosos" assim), sempre fui da turma dos nerds, ou dos forgottens, what about that for a change?


(Guys I always have tons of fun with u)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Éramos cinco.

Adoro sentar em volta da mesa de um buteco e jogar conversa fora com os amigo, enquanto observo o mundo ao meu redor. O mundo me parece muito mais curioso quando estou do lado de cá, acho que muita gente também pensa assim. Enquanto falávamos da vida, viagens, trampos, outros amigos, claro que um passeio pelas técnicas sexuais, era inevitável, BJ com Halls, cliclete NÃO por que gruda e dá aflição, pasta de dente nas unspeakable parts e o tão famoso Pompoarismo Quinto Dan (Thanks L). Via as pessoas que passavam, Av. Paulista é o máximo, com seus cachorros, skatistas, executivos, emos, pedintes, vendedores de chicletes para "ONGs", greengos, muitos Jorges e muitas Marias.


Ríamos muito das histórias que cada um contava, nada muito pessoal, gente? Afinal não podemos assustar amigos novos, sempre que a história começava assim: eu tenho um amigo que..., uma amiga que..., riamos mesmo sem saber do que se tratava o resto da história, so silly, mas é tão bom rir com os amigos que chegam e outros que reaparecem.


As pessoas das mesas aos lados ficavam curiosas pra saber do que riamos, a cada gargalhada alguém dava um pulo mais para perto da gente, não sei se era por que estava eu um amigo do trampo antigo ou por que tinha também três amigas da facul, vestidinho, sainha, decotes. Acho mesmo que era por causa das meninas. Mesmo assim, tá valendo.


Sorrisinhos dos mocinhos do lado pras meninas e Jorge's, sorrisinhos, que passavam pro meu amigo e as Marias que rodiavam a mesa, também, tentando achar um par. Super normal nesta cidade, mais normal ainda ali naquele hotspot, final de tarde, começo de noite, mar de mesas invadindo a calçada pouco espaço pro povo passar, melhor ainda pra observar.
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(Vou colorindo meu mundo ao meu modo, mas tem sempre um pincel pra você também)
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Entre Tapas, Chopps e Tortillas.

Essa terra não é pra Jacú não, correria de uma cidade que é intensa até mesmo a meia noite de uma terça feira, lugar Exquisito bom pra tomar um chopp com amigos e falar besteiras, esse tem gente bonita, meninas rosto de bonecas e todos os meninos parecem gays, alguns (vários) são mesmo.
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Nossa tá meio friozinho, nessa de ninguém onde todo mundo conhece todo mundo, com este vestidinho deste tamanho e transparente, que coragem. Com um namorado desse eu só andava nua. (Pensei! Não eu, a amiga!).
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Si tem los Argentinos buena onda y cantantes tambiem, si vale, at least looking the out side. Maquem quer que ver o interior?
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Cheio de tripas e Gremlins. Credo!
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Quero interior não, lá na terrinha não tem essas coisas não. Coisa de Greengo.
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Onde na Capital?
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Pois num é?
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Sei não! Acho que é! Tarde.
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Ele ofereceu uma carona, mas precisava acordar muito cedo. Tão fofo! Ela foi comigo corremos pra pegar o metro too late, pegar um onibus então. Dois pontos, mas te faço companhia, sempre boa. A-D-O-R-O. Dois pontos depois ela desce. Eu continuo, luzes dos postes, farois amarelando, pisada no acelerador, meu ponto, minha casa, minha caminha.

Adorei meu amigo-mara, que não é Jacú não. Muito obrigado demais pela companhia, minha amiga "enche meu coração"
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(Meus caminhos me levam sempre por ruas que se cruzam, algumas não levam a lugar nenhum, mas outras me trazem de volta pra dentro do meu coração.)
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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Punho direito cerrado, mão esquerda espalmada

Como sempre com o clima maluco desta cidade, mudo sempre o que coloco em minha bolsa, que hoje é maior do que costumava ser. É melhor, sempre, estar-preparado-para-qualquer-ocasião. Dias carrego guarda-chuva, dias óculos de sol, dias uma blusa, dias um uma camiseta extra, perfume, desodorante, livro, escova-de-dentes sei lá, às vezes tudo, o que mais poderia ter na bolsa de um cara? No bolso de trás carteira, bolso esquerdo cigarro, isqueiro, chaves, direito celular.

Sai correndo peguei um guarda chuva tirei meus cadernos, estojo de lápis era férias não iria precisar, Havia tanto por fazer precisava ir ao banco, ao mercado, ao shopping, visitar minha mãe, visitar uma amiga, tomar um café com outro amigo e ainda se tivesse fôlego encontrar amigos do antigo emprego para tomar uma cerveja e depois sair pra dançar com amigos da facul.

Pelo meio do meu caminho perguntava-me; Porque correr tanto por que não deixar as coisas acontecerem calmamente como habitualmente fazia? Devia desencanar, mas uma pressa absurda em fazer tudo em um dia só, um dia com menos algumas horas, havia acordado tarde, sabia que devia ter saído da cama quando o relógio despertou. Mas já era tarde.

Fiz, fui, paguei, visitei, comprei, sorri, conversei, comi, me diverti, dancei, bebi... Preciso ir embora, não consigo mais nem ver bebida, cigarro, pra qual lado é o metro?? Caminhei calmamente, o tempo se arrastava junto comigo derrepente toda a pressa virou lerdeza.

Catraca, estações, pessoas, várias pessoas e um senhor barrigudo de sorriso estranho pra mim. Devo estar horrível! (Pensei). Sol, fila, garoa, fumaça de cigarro cheiro de bebida, mas simpatia dele parecia aumentar.

Corri pra trocar de linha num pulo ele foi até o banco que eu estava sentado e saiu correndo atrás de mim. Eu parecia uma gazela pulando dois, três, degraus acima de uma vez, descendo do outro lado, ouço o trem chegar, quatro, cinco degraus abaixo de uma vez, olhei rapidamente pra trás e via a porta fechar na cara do senhor barrigudo de sorriso estranho pra mim, agora ofegante ficou do lado de fora as portas quase pegaram sua barriga.

Coração palpitante, respiração ofegante. Ufa! O que será que aquele doido queria? Finalmente minha estação. O sol arranhava atrás dos prédios (troquei meus óculos por um de sol), arrastava os pés no asfalto calmamente rua abaixo. Na metade do caminho, por algum motivo, olhei pra trás. Senhor barrigudo de sorriso estranho pra mim, apressava seus paços pra me alcançar, acelerei os meus, virando a direita em minha rua, estou quase chegando em casa, ele vem se aproximando cada vez mais, apertado, vontade-de-mijar-por-causa-da-cerveja.

Procuro nos bolsos, enquanto suo frio, chaves, nada, meu portão, ele se aproxima, bolsa, tira blusa de dentro, nada de chave, ele cada vez mais perto, bolsos da bolsa, tiro relógio, caneta, ele punho direito cerrado, nada de chave, ele diz alguma coisa, meio longe ainda, acena, mão esquerda espalmada, mais perto, nada de chave, coração quase saindo pela boca, pensou em correr só, mas ele já com mão em meu ombro.

Oi vizinho, te vi no metro, mas acho que você não me reconheceu, eu mudo, sua chave caiu do teu bolso, tentei correr atrás de você, mas não consegui te alcançar, quase me mijando, ele estende a mão aberta, chave com chaveiro de metal e couro, estiquei minha mão, mudo, respiração acalmava. Primeiras palavras. É que eu estava apertado, muito obrigado, peguei a chave e abri o portão, muito obrigado, fechava o portão, muito obrigado. Não sei como te agradecer. Não precisa agradecer, tchau tenha um bom dia, ele disse. Eu disse; Pro senhor também. Entrei correndo e a vontade de mijar até passou.
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(Por isso canto, por isso danço, tenho pressa em chegar, mas não gosto de partir)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Entrada de um ano.


A entrada deste ano, (to me) foi marcada com um pouco de tristeza bastante alegria. Alegria de estar no meio de pessoas incrivelmente singulares e queridas, tristeza, por que a vida às vezes não é justa com todo mundo. (life will go on, except to whom is gone forever)


Coisas que fogem do nosso controle e que nos lembram como a vida é frágil e como os relacionamentos são sensíveis, são recheados de atritos e de diplomacias, rodeados de encantos, manias e sutilezas. Gostar não é aceitar, somente, as coisas boas, mas também aceitar todo resto que nos torna e nos mostra humanos.


Somos sim humanos. E graças a isso erramos, (nobody is perfect) mas é essa humanidade que nos força a desdobrarmos para fazer acertos e emendas, tentamos sempre corrigir o que nos parece imperfeito, injusto, errado, até mesmo quando não podemos fazer nada.


Agradeço sempre cada oportunidade de ser quem eu sou, indiferente do que eu seja, e as pessoas que acreditam que todos nós temos chance to become something else, someone better. Que nos dão o presente de tentar e se dão a chance de nos conhecer e nos aceitam even though we aren't perfect. Seja lá o que passou, fica aqui, um recomeço, vendo as relações humanas com olhos muito mais otimistas, acreditando sempre em tentativas, erros, chances, acertos.



(Santos e seus bonecos de areia, uma brisa e tudo é lançado ao mar)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Quem Fo De Bem Sai Saindo!"

Não sei se vocês sabem, mas eles estão despejando os moradores do Edifício Mercúrio, nas imediações do Mercado Municipal, pois ele e seu irmão siamês o São Vito serão demolidos para dar lugar a uma praça.

Sinto pelas as famílias de bem que ainda residem no tal prédio, o Natal ta ae gente! Podiam esperar até que ele passasse, depois do Ano Novo, talvez. Imagino que criar filhos dividindo corredores, escadas e elevadores com marginais, prostitutas e afins, é ruim, mas ficar no meio da rua é muito pior.

O prédio construído nos anos 50 ta detonado, feio, pixado, considerado uma das maiores desgraças paulistanas, (uma favela vertical), com 24 andares e 84 apartamentos, ainda assim está com sua estrutura intacta. (não dá pra controlar quem mora ou deixa de morar lá).

É impossível falar apenas do que se sabe e entende, não sei muito e pouco entendo de certas coisas. Mas, sei que um dia, anos atrás conheci um garoto loiro de olhos azuis que havia sido largado pela mãe. E uma moça, colega de trabalho, da mãe, o pegou pra criar junto com seus outros dois filhos, ela é negra (o politicamente correto é afrobrasileira?). Era mãe solteira (mas, tinha vários namorados que a ajudavam) e com todas as dificuldades e podendo passar por outras mais com um filho branco, (tem que dar muita explicação para as pessoas), sem vacilar pegou o menino abandonado, pela amiga, pra criar.

Ele morava num prédio próximo ao "Treme-treme", e às vezes quando ia visitá-lo era divertido ficar olhando todos os tipos que viviam e passavam pelo prédio, observávamos as putas atendendo seus clientes em um andar, a pianista em outro. Em sua frente, homens trocavam papeis com outras pessoas que passam de carro e famílias saiam com várias sacolas e barracas indo trabalhar na 25 de Março.

No terceiro andar, ouvíamos o cantar rouco de uma travesti e víamos o penar da senhorinha aposentada que olhava o resto da vida passar, junto com o barulho dos caminhões vindo do CEASA, ou no quarto o dançar, em frente ao espelho, de outra pessoa.

Tudo parecia tão colorido, tão vivo e alegre, por vezes triste quando víamos brigas por causa de acordos mal acordados, mas era assim algumas de nossas tardes ou manhãs, debruçados na janela observando a vida diferente da nossa e nem sabíamos do que aquilo tudo (todo aquele intercalar de vidas) se tratava.

Essa é só uma lembrança de um prédio que só fez uma pequena diferença em minha vida, pois eu era apenas um visitante de um prédio vizinho, imagina pra quem viveu lá por mais de sete, doze anos ou grande parte da própria vida.


(Achei que essa musica tinha a ver com o post, peguei umas imagens da cidade, favelas, pessoas, conflitos, street art e fotos de outros prédios abandonados inclusive o próprio)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Quarta é feira.

Quarta feira acordo logo depois que fui dormir com a barulheira e a gritaria dos feirantes da feira da rua aqui perto, meio quarteirão acima, seus caminhões param em quase toda a minha rua. A feira sempre é a ultima coisa a se fazer antes das duas horas, até esqueço algumas vezes...

Ponho o lixo pra fora, tranco meu portão e lá vou, hoje não levo mais sacola, pois sei que ninguém merece ver frutas apodrecerem na fruteira, viver sozinho é isso, dividi-se quase tudo com o lixo.

A feira é um lugar interessante, entre outras pessoas, a moça gorda que mora na esquina, passa, com seu minúsculo shorts branco, “Olha a uva fresquinha” – Grita o feirante fortão,todo tatuado e de regata . Faz biquinhos.

Ela continua seu trajeto, carregando uma sacola, sob suas axilas com pelos crescidos. “Tenho manga madura, sem fiapo, boa de chupar” – Grita outro feirante gordo e todo suado. Cara de susto ela faz.

Ela continua e mais umas barracas adiante, com seu top, deixando umas gordurinhas à mostra ela para na barraca do pastel. – "Dois especiais, por favor. É pra viagem!"

“Minha banana não é Nanica não, é de Itu” – Grita o homem das bananas. Ela olha para trás com ar de deboche parecendo não acreditar ele é um japonesinho, meio velho e desdentado com cara de safado e pequenino. E eu que vejo toda a cena morro de rir e continuo com minhas compras.