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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aquele cotidiano

Todo dia ele fazia tudo sempre igual. Acordava às sete da manhã não porque precisasse, mas porquê ele queria, fazia uma pequena rotina de exercícios de yoga, tomava banho, secava seus cabelos, vestia sua roupa, arrumava suas coisas e tomava seu café com leite e comia torradas com manteiga enquanto assistia o jornal.

Entre a internet e a TV, fumava um cigarro e tomava mais café. Colocava sua carteira no bolso, pendurava sua mochila nas costas, pegava suas chaves e saia de casa rumo ao trabalho, andava alguns bons metros até o metrô, descia e pegava um ônibus. Descia um ponto antes do ponto mais próximo ao trabalho para poder fumar um cigarro antes de entrar.

Chegava ao trabalho, ligava seu computador recebia os up-dates de tudo, descia tomava uma xícara de café preto e trabalhava, trabalhava e trabalhava. Saía correndo do trabalho no final da tarde andava até o ponto de ônibus e pegava um, até a faculdade.

Descia três quarteirões antes, pois ali era o ponto mais próximo de sua escola, no caminho fumava mais um cigarro, às vezes encontrava alguém pelo caminho com quem ia conversando. Mas na maioria das vezes descia sozinho a rua.
Chegando à faculdade passava antes pelo banheiro, lavava o rosto e as mãos, ia até o bebedouro enchia sua garrafa d’água e seguia pra mesa de sempre na cafeteria onde seus amigos estavam. Conversava sobre tudo, banalidades, piadas, trabalhos.

No final das aulas corria para o ponto de ônibus e dali pra frente estava só de novo, corria pra chegar em casa, para descansar porque no dia seguinte sabia que faria tudo isso de novo.

E assim dias foram transformando-se em semanas e as semanas se fizeram meses, mas em um desses dias no caminho entre o banheiro e o bebedouro da faculdade ele cruzou com seus olhos azuis, pele branca, cabelos dourados e seus lábios rosados. Sentiu algo por dentro que não sabia dizer exatamente o que era, era como um lento-arrastar-de-asas pelo seu rosto, era uma antecipação de algo que ele não previa acontecer, sentia uma violenta pressa em correr todos os dias para que chegasse a hora de se encontrarem novamente, sentia que nada faria sentido dali pra frente. Sabia que daquele dia em diante tudo estava perdido.
(TORG)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Qualé que é?! Can u dig it?



Quando é cedo demais pra dizer certas coisas?
Não sei, mas sei quando é tarde demais, quando as coisas deixam de fazer sentido.
E dizer certas coisas é uma mera educação ou segue um protocolo.
Por que você me disse, sinto que necessito dizer o mesmo a você.
Sei que não é cedo, nunca, dizer pra alguém que você se importa, que você a quer por perto por quanto tempo for, se for; melhor, se não for. Talvez faça parte. A vida é um intricado meio, meia, rede, cachecol, inextricável de pontas e meios de fios, seus pontos tecidos lentamente de forma diferente a cada mudança de humor, a cada virada no caminho a tudo que te move pelo caminho.
Minha vida segue caminhos que desconheço, surpresas boas acontecem, quebrando alguns “mitos”, criados por mim, criados por outros, o que importa?
Sentir, viver o que se tem vontade por mais diferente ou inesperado melhor, se jogar no mundo ou “fumar até a última ponta” o que a maioria das pessoas que eu conheço quer: é sentir uma paixão, um amor, algo que vire seu próprio mundo de ponta cabeça, criando novos ângulos agudos que furam e dão aquela dorzinha de leve na gente, mas essa dorzinha gera novos medos, ansiedade e com tudo isso novas expectativas
Meu mundo se move lentamente em uma direção a qual não tenho muita certeza, mas não me importo, não é cedo pra dizer que me importo, não é cedo pra dizer que te adoro. Prefiro cedo ao tarde.

(Whatever life brings, I'm cool)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Oh no! Not again: Insomnia

This isn’t cool anymore I was trying, I promised, to be a good boy, go to bed early (before 3am), make my prayers, was late I know, but just because I wanted to hold it as much as I could to be really tired, so it wouldn’t happen again. So I slept I was feeling very dead beat but only my body, my mind was still awake and between dreams and initials. G that I want so much to see back in Philly and hug him again, all the hugs I got from B and everything else happening from A to Z passing by Cs, Fs, Js, Ms and Ss, I could not sleep anymore.

Was like Patsy darling sleeping thru a home fire. Was something I had no control, I worry too much and about that, nothing I can do. And it's weird but I felt loved, I felt I still have so much love in and on me, I felt a bit sad but comforted cause I know when we are not doing so well if we have friends we can survive, always, and because of that I felt Absolutely Fabulous. Hope exists and "love actually happens" gratuity love, even in eye of a tornado.

(Pet Shop Boy - Absolutely Fabulous)

(Diova Ton Dluoc Gnilrad Yrros)

sábado, 3 de outubro de 2009

O Capeta Samba Pelado em Mesa de Bar.

Gente o que anda acontecendo em volta? Alguém com uma noção melhor que a minha pode me contar? Será que essa insônia toda me deixou lesado, estou perdendo os sentidos o “sentido” das coisas que estão acontecendo. Sem detalhes.
God! Caracas; acho que preciso de um comprimido para meu entendimento, sem ironias, acho que só pode ser isso ou sei lá. Se não estou dormente meu cinismo não me deixa ver o que acontece com clareza, (foi o que me disseram). Não estou entendendo mais nada.
Por que algumas pessoas acham que elas podem fazer tudo a todo o momento e o resto tem que dançar a som de sua música. Please note "I'm not your bitch don't hang your shit on me". Aqui não tem capeta sambando pelado em cima da mesa não. Eu não preciso concordar com tudo e nem quero. Tenho personalidade e força suficiente para agir da maneira que bem entender. Não me cobre o que você acha que eu deveria fazer. Eu só faço o que quero, às vezes abro algumas exceções, não adianta lamentar-se ou me cobrar se quiser é assim, se não, pegue seu capeta e leve pra tua mesa.
Em minha mesa. Sambo pelado EU!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

4U

So many times we laughed together.
So many times we got drunk together.
Tons of times we talked shit, meaningless but funny stuff.
So many times I needed a hand to hold. I found yours.
So many times I wanted to go away, but u made me stay
So many times I had nowhere to turn, I looked 4 u
So many times I need to talk, I talked to u.
Even when I could not talk, because I was sobbing. You were there 4 me.
And whatever happens in this life u r not alone I’m here, always, 4 u.

domingo, 27 de setembro de 2009

O que é concreto?

Fala-se tanto de concreto, o que é? O único que conheço é aquele que tem em construções, quisera eu ser concreto, ou não, queria saber como é ser “thru,” ser frio, imponente e cinza. Tudo sempre foi tão colorido, mas concreto é cor?! Apesar de que nestes últimos tempos tudo tem parecido tão sem cor. Sinto falta de algumas pessoas que conheci, mas a vida dá tantas voltas e sometimes you have to pick sides. I understand. Mas isso não me impede de sentir. Não sei ser de outra forma. E quando tudo, a dor, aperta demais eu me escondo. Percebi que quando se está triste o vento corta muito mais profundamente o nosso rosto, o concreto parece mais gelado, mais cinza, mais solitário e se tudo gira uma hora, giro eu junto. Talvez.


Me escondo. Ou, não me movo, pois tenho medo, medo de gerar tufões (como as asas das borboletas) medo sempre foi uma palavra que odiei, assim como concreto, assim como cinza. (cinzas ao vento dissolvem-se em saudade de tudo o que um dia foi). Minha vida em outras “estórias” sempre foi diferente do que tem se tornado. Tornados? NÃO. Mais vento, mas vento, mais cortes. O sangue mancha o cinza tapete, calçada, desta cidade, se não for aqui onde será? Onde está o meu caminho?

Caminho só, sentido o vento ao meu rosto, uma mão no bolso na outra meu cigarro que se consome e some com o vento, fumaça ingerida pelos meu s pulmões; concretos e se tornam cinza, preto. Mas eu não ligo. Aprendi a “não me importar com coisas pequenas”, sangue que escorre da agulha que risca, rasga minha pele deixo marcas em meu corpo que vento não sopra e concreto o tempo não me apaga.

(I would love so say something, but this time, for love I will not say)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

London London

O tempo está passando a hora está chegando, o coração está diminuindo e batendo mais rápido se o meu está assim imagino o teu e o dele.

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(Cibelle Londo London)

Cibelle -Uma delícia de vóz que ecoa gostoso em meus ouvídos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Answer

A weird good feeling is giving me goosebumps in the back of my neck. And I have to tell you dear. The last time we talked everything was said in a freakish vogue, it hit me in such bad way. It wasn’t my cup of tea. You know how they say: “Anger is only one letter short of danger”. I was angry, you were angry, we were blood foolish. From my part this is over now.
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That letter I wrote you today, it was for real and it was very sincere, I really hope all said, I noticed that I had spent so much time thinking about things from past and it wasn’t doing me any good and I bet you must have felt the same.
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So now I think I’m able to let it go, will not forget the good parts but I’ll put a stone on top of the rest that doesn’t matter anymore. So my life shall go forward and I hope yours goes forward too. .
(If in another life we were "closer" in this one we go separate ways)

sábado, 15 de agosto de 2009

Cuidado! Não transpasse a linha amarela.

(Estação Ana Rosa)

Quando se quer muito uma coisa, quando realmente está afim, mas o seu querer não depende somente da sua vontade, depende também da vontade dos outros. Ai, essa sua vontade é algo mais explícito, explícita demais... Transparente. Mas a vontade dos outros é algo um tanto quanto velada, mas cheia de pequenas coisinhas que indicam algo, mas os sinais, por hora, são confusos, misturados, oscilantes e inseguros. O que se faz? Espera-se, não se espera. Cansa-se e vai? Aflições por algumas coisas que não tenho controle me irritam um pouco, ansiedade é algo que não sei lidar.

Como saber quando devemos e quando não devemos cruzar a linha amarela?

(Pelas pontas machuca, mas pela base, mais perto, é bom)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Atropelado.

Acho que é mais ou menos isso que acontece. Eu nunca fui atropelado de verdade por um veículo, puxa já passou perto tantas vezes, mas nunca de verdade. Esses últimos dias tenho a sensação de que fui atropelado. Sinto tudo dentro de mim se apertar, como se o choque tivesse sido direto em meu peito, minhas costelas estão comprimidas contra minha espinha dorsal apertando meu estômago, pulmões e coração. Tá tudo dando nó dentro de mim. Minha respiração está curta, ofegante, minha boca está seca. Meus braços estão moles caídos paralelos ao meu corpo e minhas pernas estão bambas. Minha cabeça dói, caída de lado, ainda com os olhos abertos, observa tudo em volta. O brilho da luz do letreiro refletida nas poças d’água, o contraste da garoa que brilha ao passar em frente às luzes do postes. Ainda ouço buzinas que agora parecem musicas de quem espera, mas tem pressa de chegar ao outro lado sem saber exatamente onde.

Vocês dois nestes últimos tempos, estiveram tão próximos de mim, fizeram me enxergar muitas outras coisas que não tinha parado pra pensar antes. Deram-me força, apoio e carinho, fizeram dos meus sábados dias inesquecíveis. A partida está próxima, mas ela promete um novo começo para mim e para vocês, esse atropelamento não matou ninguém, na verdade trouxe com ele, mais vida, mais possibilidades, mais portas a serem abertas. Mostrou que quando se ama alguém, por qualquer motivo que seja, agente se entrega agente arrisca, e contra todos os preconceitos e medos ainda podemos ser felizes mesmo na distância de lugares mas com certeza na proximidade de corações.


Cy e Fe. Obgdo
( Se tudo hoje está cercado de surpresas e parece um mistério espera até chegar amanhã)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Igual a você, mas diferente.

Parados no ponto de ônibus.
- Cara que bom que você está aqui. Fiz tanta propaganda de você que é por isso que todo mundo estava tão à-vontade contigo.
- Nossa muito, muito obrigado foi a segunda coisa mais fofa e gentil que fizeram comigo este mês (iavcfoiaprimeira), muito obrigado mesmo.
- Sabe... Eu tenho que te confessar uma coisa!
- Nossa confesse sou só ouvidos.
- Eu não gostava de você, na verdade eu te desprezava.
(Soltei uma risada nervosa)
- Poxa vida, agora você me faz ter que te agradecer em dobro! Mas por que tanta raiva?
- É que somos muito parecidos, sabe?
- Como assim?
- Agente aparenta ser muito frio e superficial, por que no fundo no fundo não somos felizes.
(Pensei em desmentir essa observação, mas desencanei)
- Sério? Eu te acho feliz e muito legal, na verdade sempre achei, fico contente quando te convido pra sair e você realmente sai comigo e com meus amigos e se diverte com agente.
- Então, essas pequenas coisinhas me fizeram ver que você não é frio, você,realmente, se importa e sei que quando você diz que é uma pena que eu não possa sair com vocês, você está sendo sincero. E aquele dia que saímos juntos, foi tão divertido, eu adorei as pessoas que te cercam então eu achei que você seria um bom amigo pra ter por perto. Por isso fiz tanta propaganda de você, disse que as pessoas seriam burras se te deixassem escapar.
Eu sem saber o que dizer dei-lhe um abraço e o nosso ônibus chegou.

sábado, 27 de junho de 2009

O peso

Acho que quanto mais velhos ficamos, mais "espertos", mais vividos, quanto mais pessoas conhecemos, quanto mais situções passamos. O que resta em nossas vidas é o que realmente importa, é o que não se apaga e o que não se paga, são as coisas que temos for free e as pessoas, que como "stains", ficam em nossas vidas e que nos dão a sensação de "pertencer".
Embora já tenha conhecido tanta gente, o grupo ficou menor. Embora tenha vivido em tantos lugares, ainda estou aqui. Ter passado por tantas coisas, o que mais me importa é o que sou e o que está. Deve ser o peso da idade do conhecimento que vai além do que conhecemos ou do que entedemos.

(Love u dears.)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um dia...

Um dia, espero que entenda o por que faço certas coisas,
e em outro, você irá esquecer as outras coisas que não fiz.

Um dia, não espero que me explique o que fez,
por que neste dia também será minha vez.

Um dia, deixarei de ter vergonha pelo que fiz,
Um dia, sua vergonha será menor do que diz.

Um dia, espero que entenda o por que não faço certas coisas,
e em outro irá esquecer as outras coisas que já fiz.

Um dia, espero que me explique o que já fez,
pois neste dia será também minha vez.

Mas, um dia se isto tudo for queimado e esquecido,
não espero nunca mais passar por algo parecido.

Mas, se um dia nada disso for esquecido.
Então será, apenas, o que sempre deveria ter sido.

("What goes around, comes around", said that song)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Final

(Nasce a Voodoo)
Final de semestre é sempre uma confusão, muitas provas apresentações, são corpetes, blusas, bonecos, tecidos, papeis e mais plásticos. E sempre deixamos alguma coisa perdida ou esquecida. Ou simplesmente enrolamos e acabamos deixando pra fazer tudo no final em cima da hora.

No nosso trabalho final, deste semestre, em marketing. Começamos com uma idéia simples que foi se transformando em uma coisa muito maior do que planejamos no início. Cinco mentes criativas, vivas, cheias de idéias e ideais que são os mesmos por horas e tão diferentes na maioria do tempo. (Não ocorreu nenhuma briga de egos)

Mas eu não poderia estar mais feliz com a escolha do meu grupo. Nos divertimos muito durante este tempo de brain storms e criação. A parte prática de escrever e pesquisar sem dúvida é a pior parte, por que temos que fazer sozinhos, cada um no seu quadrado.





Mas o resultado final foi muito legal. Fiquei feliz meus queridos, muito obrigado.


(Desenhos: Leandro Vezzali / Arte Final: Miel Olli/ Everything else made possible by: Bianca Caroline, Yasmim Menten, Roseclair Corrêa)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Bits and pieces of a recycled life.

Pelo caminho algumas vezes o passado e o presente se colidem e como em qualquer outra colisão isto deixa a vida da gente um tanto quanto bagunçada e um tanto quanto cheia de rebarbas e detritos e isso tudo não está por fora onde podemos juntar tudo por num saco de lixo e jogar fora. Essa bagunça, restos, detritos, rebarbas estão no pior lugar, naquele mais difícil de ser acessado. Dentro do coração.
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E este com essa bagunça toda dentro dele, fica apertado, fica cheio, inchado, fica tão maior do que é que a sensação que da é que ele está muito próximo da boca. É como se um pedaço dele estive quase por sair por ela meio que entalado na garganta.
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E o que se faz quando isso acontece? Eu acho que ir atrás dos detritos e tentar por ordem neles é a melhor solução, vasculhar lá dentro e por pra fora de alguma maneira, tentar juntar os pedaços, os pequenos colocamos numa sacola e jogamos fora e os que são grandes demais pra enfiar numa sacola agente dá outro jeito.
(E qual será este jeito de se dar jeito em coisas que não tem jeito?)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

No mesmo eixo, correndo atrás da mesma volta

Sempre falamos, eu pelo menos, que: Posso não saber o que quero, mas tenho certeza do que não quero”. Ai me pergunto será que 100% das vezes realmente sabemos o que não queremos com 100% de certeza?
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Muitas coisas são um pouco dificeis de explicar como o cachorro que, incansavelmente, corre em volta do próprio rabo, alguns dias sinto-me assim correndo atrás do meu próprio rabo. Sim por que me pego tentando fugir de algumas coisas inevitáveis, de pessoas inevitáveis, de histórias inevitáveis, são coisas que digo que não quero mais, são pessoas que tento me convencer que já foram, são histórias que tento me convencer que já acabaram.
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Tudo poderia ser muito mais simples, sabe quando você quer tanto ficar longe de algo, é como o “triangulo-das-bermudas” uma força ainda maior que a sua própria, te atrai, não adianta alta tecnologia e strong willpower is just there unavoidable and unattainable.
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Mas é bom quando é bom e é ruim quando é ruim, às vezes penso. Correr pra que? Fugir do que? Se não adianta, existe muito mais além do que entendemos, do que eu mesmo entendo, forças maiores que eu dentro de mim mesmo, dentro de outras pessoas que amo, algumas coisas simplesmente são do jeito que são e não adianta tentar fugir, tentar entender, tentar mudar, correr atrás do próprio rabo, se você não é um cachorro ficará apenas tonto e ainda mais confuso.
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(Existem coisas muito maiores do que agente, dentro de nós mesmos. A razão pra querer independe da razão de ser.)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dorme comigo esta noite.

Estava frio era uma noite dessas com cara de noite de Fog Londrino. Dorme comigo está noite pensei em dizer, mas me perguntou, antes, se podia dormir em minha casa. Eu ainda moro com meus pais, gostaria muito de te levar pra minha, mas acho que temos que ir pra tua. Não sei se deveria perguntar isso pra você, mas queria que soubesse que penso muito em você quando tomo banho e não consigo estar perto e não querer ficar mais tempo. Posso. Não disse não.

Daqui a pouco será dia e um pouco mais difícil de partir, devemos ir agora. Veja a lua que linda, está encoberta pelas nuvens, vê-se apenas sua luz na frente do céu negro. Está frio, me abraça, podemos caminhar assim até lá, você se importa? Jamais me importaria em receber um abraço. Espera um pouco olha pra mim, o que tem de diferente em você? Não consigo afirmar ao certo. Deve ser você. Então um beijo.

E mais outro ainda melhor do que o primeiro da surpresa. Assim caminharam, entre beijos, abraçados, debaixo do sereno, suas mochilas nas costas, uma típica noite paulista, sem pressa, sem medo, sem mentiras, era tudo o que não era, era mais do que esperavam.

Ao chegar, banho quente sem motivo pra pensar no que não estava e apenas aproveitar o que se tinha, debaixo dos lençóis sussurros, beijos e abraços. Um ser mais do que podia ser, enquanto nada mais restava do lado de fora, além do frio que já não estava mais dentro, estava trancado embaixo do sereno daquela noite fria.

(Adoro falar de razões que não tem lógica, de sentidos que nos dão voltas)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Obrigado por aquele verão.

Sentia no ar o cheiro de manga madura, enquanto andava para a beira do rio para tentar refrescar minha pele que ardia com o calor daquela terra, passava pelas vacas, bois e touros. As vacas com suas grandes tetas e seus sinos barulhentos, os touros tem chifres e bolas, os bois, são só os bois.

Tentava fazer sentido de tudo que estava a minha volta, o verde que sofria com a falta de chuva, o burro que pastava magro, no fundo o barulho da cachoeira e o cachorro que latia avisando que chegara alguém. Não estava preocupado com isso queria apenas molhar minha cabeça em baixo das arvores na beira do rio. Sentia que aquele dia seria mais um dia sem sentido, mais um dia de inércia, não queria pensar nos meus problemas e já vinha fazendo isso por alguns dias.

As crianças no sitio do lado gargalhavam e suas risadas ecoavam por todo lado, mas isso não me incomodava, sentia que o sitio era muito mais barulhento do que a cidade e isso me agradava, apesar de procurar paz, também não curtia silêncio total. Ele me fazia me sentir só e na solidão dos meus pensamentos e na presença de algumas lembranças ficava triste.

Tirei a tolha de dentro de um cesto de palha que carregava, dentro dele havia também uma garrafa d’água uma faca, uma manga e uma banana, caso a fome apertasse demais. Tirei toda minha roupa e coloquei encima da pedra. Fui andando em direção água. Passei pelo antigo balanço que estava lá, ainda, pendurado naquela arvore de galhos que alcançavam a outra margem do rio.

Comecei a lembrar de uma história que ouvia na infância, quando alguns, antes de mim, primos e seus amigos e algumas primas e suas amigas que passavam o verão no sítio. Era muito divertido, apostavam corrida pra ver quem chegava primeiro até o rio e quem perdesse teria que carregar de volta para a casa todas as cestas, mochilas e sacolas que levavam com guloseimas e roupas para a beira do rio.

Era tudo muito ingênuo, as meninas e os meninos tiravam as roupas e nadavam pelados, mas com a puberdade as coisas foram mudando as meninas iam de manhã e os meninos à tarde porque caso perdessem noção da hora eles não tinha medo de voltar no escuro. Era assim o combinado. Meu avô fazia questão de que cumprissem o combinado, mas era inevitável as vezes que esse combinado se embananasse todo, lógico que os meninos iam escondidos espiar as meninas, que já espertas tomavam banho no rio com suas roupas de baixo, e às vezes o contrário acontecia também, mas os meninos, amostrados, faziam questão de ficar nus mostrando que já estavam virando homens e os pelos já existiam.

Mas era tudo tão simples então, até que as paixões começaram a se desenvolver, junto com os corpos, primos não podiam namorar, era o que diziam, mas é claro que muitos namoravam durante o verão no sitio escondidos dos pais, nenhum deles comentava nada, na verdade cada um era muito cúmplice do outro e era assim que viviam, era assim que descobriam muitas coisas sobre eles e sobre os outros. E foi então num final de verão que dois deles se apaixonaram. Ele não era primo era amigo do primo e ela queria mesmo era aproveitar o resto das estações com ele. Foi no final daquele verão de 75 e antes do próximo verão eu nasci.
(De sol em sol a terra se consome,
De dias em dias o tempo lentamente vai se acabando.
E o que sobra pra gente além das lembranças. E das lembranças o que sobra? Só as boas?
)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O último anoitecer "dela".

Depois de dias em debate com seus amigos sobre o que seu namorado havia lhe pedido, pensou e pensou e numa decisão louca decidiu que aquela seria a sua última vez. Seus amigos eram contra sua decisão, mas ele por amor estava disposto a colocar seu passado para trás de uma vez por todas e recomeçar do zero, sabia que sua vida seria um tanto difícil daqui pra frente. Não iria morrer de fome, mas seu diploma de contabilidade estava já há alguns anos guardado e trancafiado dentro de uma gaveta qualquer, no lugar dele na parede, um diploma de maquiador e muitas fotos de seus shows pelo Brasil.

. (Proximo a Estação da Luz)
Decidiu então que aquela seria a noite que o marcaria para sempre, vendo pela janela o dia escurecer do lado de fora, começou então sua última montação. Enrolou uma toalha na cabeça e começou pela barba, o chuchu já crescia, uma boa depilação seria o começo da preparação para a maquiagem, raspou seu rosto de cima para baixo e de baixo para cima, aparou os pelos de sua narina, tirou o excesso de pelos da sobrancelha, fez uma esfoliação na pele do rosto, pôs uma mascara e foi ao armário procurar uma roupa praquele dia especial, afinal era uma convenção e todas as suas rivais estariam no encontro, sabia que muitas ficariam felizes que ele (a) estava “deixando a cena” seria para algumas a chance de ter um lugar ao sol também já que ela era super requisitada para shows.

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Na cabeça dele existiam duas pessoas separadas ali e com personalidades extremamente diferentes, um lado mulher muitíssimo “female fatale” rosto marcante e sexy com um corpo esguio e quadril largo, corajosa, profissional, dançarina, auto-suficiente e invejada. Do outro lado existia um rapaz tímido, rosto delicado, com um corpo frágil demais para ser homem, não gostava da profissão (que os pais escolheram pra ele), desengonçado com as mãos, extremamente apaixonado, afetivo e dependente do carinho das pessoas.

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Pensou na cor, pensou em preto, mas aquilo não era um enterro, lembrou da história da Fênix e como ela ressurgia das cinzas, gostou da idéia então seu look teria muitas penas coloridas de seu bolerinho espanhol, tons de vermelho, roxo, azul cobalto e um pouco de azul “Mozart”. Queria ser lembrada como sexy e outrageous, adorava essa palavra. Um vestido com lantejoulas e fendas matadoras que subia por suas pernas longas e torneadas, marcaria por cima deste vestido com um corselete de couro, que trouxe de uma viagem a Paris, sua cintura fina, o vestido era tomara-que-caia, então os seus “seios” teriam que ser daquele enchimento de silicone transparente por baixo de sue peito natural. No colo do seu peito usaria um colar de pedras semipreciosas brasileiras que comprou próximo ao Picadilly Circus em uma viagem que fez a Londres. Pensaria nos sapatos, peruca e anéis depois a pele do rosto repuxava por causa da mascara decidiu ir ao banho.

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Depilaria as pernas e axilas, usaria exfoliante no resto do corpo, queria ficar com a pele macia para pela última vez sentir a sensação daquela mistura topa de tecido e matérias cobrindo seu corpo, seus cabelos na altura dos ombros seriam cortados em breve, no lugar das lentes de contado voltaria a usar seus antigos óculos de armação grande e preta, suas unhas compridas e pintadas estilo “francesinha”, também seriam curtas novamente no final de seus dedos longos e brancos.

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Passou hidratante em todo seu corpo, primeiro passou gelo em toda a pele de seu rosto e demoradamente e cuidadosamente fez sua maquiagem, corretivo, base colocada em pequenos dots acumulando e formando uma mascara de pó compacto e proteção, cílios postiços muito longos e bordô, sobrancelhas cobertas pelo mesmo tom do rosto davam lugar a uma nova redesenhada habilmente por suas mão firmes. Batom e por cima do batom, gloss e por cima do gloss um pouco de glitter.

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Vestiu seu vestido, encaixou seus seios por baixo de seus peitos e para segurar tudo no lugar seu corselete, sem meias-finas calçou seus saltos de vinil preto altississímos meio plataforma na frente e salto de ferro. Abriu outra porta do guarda-roupa e prateleiras de perucas, pensou em morena, era seu natural, como ruiva fazia muito sucesso, mas as loiras sempre se divertem muito mais, lisas Heidi ou cacheadas Giselle. Lisas definitivamente, anéis, pulseiras, uma bolsinha básica, bolerinho e muito perfume no colo do pescoço, nos pulsos, atrás das orelhas e seus brincos gigantes e muito mais perfume na peruca.

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Seu taxista-amigo-marido já esperava na portaria do prédio, quando a porta do elevador abriu, ele levou um susto, afinal ele (a) havia prometido que não se montaria mais, então ele perguntou o porquê e ela decidida disse: Darling essa é minha última noite e preciso brilhar você não irá comigo, irá me deixar na porta e nos encontramos em casa depois de seu turno, quando esta noite acabar tudo será como combinamos. E ele beijou sua mão, disse ok, abriu a porta carro para que ela entrasse, não disse uma palavra durante o caminho inteiro apenas colocou a mão dela em sua coxa e sua mão por cima da dela e disse que a pegaria pela manhã quando estivesse voltando do trabalho.

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(Acordos selados com beijos são melhores do que acordos fixados com apertos de mãos)