Enquanto sentada naquela mesa da calçada; observava o mundo acontecer ao meu redor, segurando o copo de meu trago em uma mão e um cigarro em outra, olhava o laranja do meu isqueiro se confundir com as lanternas dos carros que, em direção contrária, se vão.
Pensava na inconstância das coisas, das amizades, amores e a impossibilidade dos acontecimentos, me questionava se eu realmente estava ali, se aquilo tudo não era apenas um devaneio de minhas ilusões, tantas. A conversa dos amigos não conseguia me distanciar de meus pensamentos, não queria ser profunda em nenhum comentário, apenas me limitava a breve introduções de minha opinião, com respostas curtas a longas perguntas.
Este mundo tem me consumido lentamente em lembranças que não me deixam desistir de mim mesma. Observo a tudo como quem vê a vida pela primeira vez, mas lembro de tudo, de tudo com se fosse a priemira vez. Dos quais, telefones eu liguei, encontros eu marquei e de todos que enrijeceram meus mamilos, suas línguas quentes que entraram no mais profundo de mim, mas lá no fundo, mesmo, de verdade; Este aqui em meu peito, não, quantos ficaram? Um arquear, tensão, suor, respiração ofegante, alívio, mas fazer bater, de verdade, não sei dizer.
Sinto-me fria como mármore embora seja quente como uma noite de verão, talvez até mais do que deveria ser, quando me dou, me dou de verdade, mas quantos eu tive e quantos me tem? Não fujo de nada, mas tenho muita pressa, pressa em conhecer e em fazer tudo que sinto vontade e que faz-me sentir viva, mas agora neste momento, sentada nesta mesa em uma calçada, estou parada meio que inerte, nada de ações ou palavras apenas observo a luz vermelha das lanternas dos carros que se vão enquanto se misturam a cor laranja de meu isqueiro e seguro meu trago em uma mão e meu cigarro em outra.
(Se fosse escolher ser alguém, mesmo amando quem sou, talvez escolhece ser você)
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Ela não estava mentindo.
Parado na plataforma da estação Ana Rosa com um amigo, observava as pessoas em volta, nada além do normal era observado senão fosse aquela garota, pele morena, cabelos escuros, mais ou menos da minha altura, corpo que poderíamos chamar de “gostosa” nem muito magra nem muito gorda. Usava uma bermuda de lycra brilhante, uma camiseta dessas de competição com alguns logos de patrocinadores, sandálias Havaianas, um boné preto e nas costas uma bolsa saco pendurada.
Impaciente eu olhava para o túnel pra ver se o trem vinha, ela estava diretamente na mira do meu olhar, mas eu tentava ser discreto o suficiente para que ela não notasse, mas ela de alguma forma percebeu que olhava, ela começou insinuar-se; passava a mão na bunda e olhava com uma carinha meio “perva”. Cutuquei meu amigo e ela meio que deu um sorrisinho de canto de boca pra gente. (Chocolate ao leite com lâminas de laranja).
Logo o trem chegou, entramos todos, ela na frente. Vagão lotado, quase todos os assentos ocupados acabei ficando em pé com meu amigo frente às portas que já não abririam mais. Ao meu lado esquerdo a garota sentou-se. Em frente dela dois rapazes, que já estavam no trem quando entramos, conversavam sorridentes. Num relance de olhar o rapaz olhou pra moça e com um sorriso muito branco, fez um gesto com a cabeça para o outro moço, ela logo lhes abiu um sorriso e começou puxar assunto.
(Ah! Esses hormônios! Pensei).
-Oi tudo bom? Tá calor não é? (Ela soprava pra dentro de sua camiseta pela gola semi puxada pra baixo.)
-Sim muito quente! (O rapaz do outro lado do corredor mostrou interesse e projetou levemente suas costas para frente).
-Eu estou ficando doida com esse monte de gente e o tanto de coisa que tenho pra fazer e esse calor que não passa.
O rapaz só sorria. (Em meio a noite a lua era muito branca).
-Faculdade e treino uma correria, e essa semana tem feriado e depois mais feriado e pronto acabou o ano! (Ela disse sorrindo).
-Qual seu nome? (Perguntou o rapaz, abrindo suas pernas e colocando a mão levemente sobre seu “pacote”).
Ela soltou sua camiseta e passou uma das mãos sobre uma de suas coxas.
-Luciana. E o teu?
-Paulo.
-Você mora aonde? (Ela perguntou curvando-se pra frente também).
-Moro aqui na Consolação, mas estou indo pro Pantanal.
Nossa que longe! Mas você está indo pra lá agora? (Ela mais interessada mordia os lábios).
-Sim pro bairro Pantanal, estou indo correr, quer ir com agente?
-Há há! Eu não corro, eu nado em competição.
-Que legal! Tipo olimpíadas? (Ele muito sorridente perguntou, quase na ponta do banco onde estava sentado).
-Sim, das paraolimpíadas. (Ela falou levantando e curvando se perto do rosto do rapaz.)
Olhando pra ela ele perguntou o por quê?
-Eu não gosto de falar nisso, tenho vergonha. (Com uma das mãos apoiada na bunda)
-É que eu tenho problema! Já indo em direção a porta do vagão.
Após olhar bem para o corpo e concluir que ela não tinha nenhum problema físico aparente, ele em tom de brincadeira falou:
-Só se seu problema for mental, por que olhando pra você eu não vejo nenhum problema!
Ela sorrindo disse:
É isso mesmo eu tenho um leve retardamento mental!
Voltou e deu um beijo no rosto do rapaz e disse:
Adeus, um feliz Natal pra você!
(Ela não estava mentindo)
Impaciente eu olhava para o túnel pra ver se o trem vinha, ela estava diretamente na mira do meu olhar, mas eu tentava ser discreto o suficiente para que ela não notasse, mas ela de alguma forma percebeu que olhava, ela começou insinuar-se; passava a mão na bunda e olhava com uma carinha meio “perva”. Cutuquei meu amigo e ela meio que deu um sorrisinho de canto de boca pra gente. (Chocolate ao leite com lâminas de laranja).
Logo o trem chegou, entramos todos, ela na frente. Vagão lotado, quase todos os assentos ocupados acabei ficando em pé com meu amigo frente às portas que já não abririam mais. Ao meu lado esquerdo a garota sentou-se. Em frente dela dois rapazes, que já estavam no trem quando entramos, conversavam sorridentes. Num relance de olhar o rapaz olhou pra moça e com um sorriso muito branco, fez um gesto com a cabeça para o outro moço, ela logo lhes abiu um sorriso e começou puxar assunto.
(Ah! Esses hormônios! Pensei).
-Oi tudo bom? Tá calor não é? (Ela soprava pra dentro de sua camiseta pela gola semi puxada pra baixo.)
-Sim muito quente! (O rapaz do outro lado do corredor mostrou interesse e projetou levemente suas costas para frente).
-Eu estou ficando doida com esse monte de gente e o tanto de coisa que tenho pra fazer e esse calor que não passa.
O rapaz só sorria. (Em meio a noite a lua era muito branca).
-Faculdade e treino uma correria, e essa semana tem feriado e depois mais feriado e pronto acabou o ano! (Ela disse sorrindo).
-Qual seu nome? (Perguntou o rapaz, abrindo suas pernas e colocando a mão levemente sobre seu “pacote”).
Ela soltou sua camiseta e passou uma das mãos sobre uma de suas coxas.
-Luciana. E o teu?
-Paulo.
-Você mora aonde? (Ela perguntou curvando-se pra frente também).
-Moro aqui na Consolação, mas estou indo pro Pantanal.
Nossa que longe! Mas você está indo pra lá agora? (Ela mais interessada mordia os lábios).
-Sim pro bairro Pantanal, estou indo correr, quer ir com agente?
-Há há! Eu não corro, eu nado em competição.
-Que legal! Tipo olimpíadas? (Ele muito sorridente perguntou, quase na ponta do banco onde estava sentado).
-Sim, das paraolimpíadas. (Ela falou levantando e curvando se perto do rosto do rapaz.)
Olhando pra ela ele perguntou o por quê?
-Eu não gosto de falar nisso, tenho vergonha. (Com uma das mãos apoiada na bunda)
-É que eu tenho problema! Já indo em direção a porta do vagão.
Após olhar bem para o corpo e concluir que ela não tinha nenhum problema físico aparente, ele em tom de brincadeira falou:
-Só se seu problema for mental, por que olhando pra você eu não vejo nenhum problema!
Ela sorrindo disse:
É isso mesmo eu tenho um leve retardamento mental!
Voltou e deu um beijo no rosto do rapaz e disse:
Adeus, um feliz Natal pra você!
(Ela não estava mentindo)
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Qualé que é?! Can u dig it?
Quando é cedo demais pra dizer certas coisas?
Não sei, mas sei quando é tarde demais, quando as coisas deixam de fazer sentido.
E dizer certas coisas é uma mera educação ou segue um protocolo.
Por que você me disse, sinto que necessito dizer o mesmo a você.
Sei que não é cedo, nunca, dizer pra alguém que você se importa, que você a quer por perto por quanto tempo for, se for; melhor, se não for. Talvez faça parte. A vida é um intricado meio, meia, rede, cachecol, inextricável de pontas e meios de fios, seus pontos tecidos lentamente de forma diferente a cada mudança de humor, a cada virada no caminho a tudo que te move pelo caminho.
Minha vida segue caminhos que desconheço, surpresas boas acontecem, quebrando alguns “mitos”, criados por mim, criados por outros, o que importa?
Sentir, viver o que se tem vontade por mais diferente ou inesperado melhor, se jogar no mundo ou “fumar até a última ponta” o que a maioria das pessoas que eu conheço quer: é sentir uma paixão, um amor, algo que vire seu próprio mundo de ponta cabeça, criando novos ângulos agudos que furam e dão aquela dorzinha de leve na gente, mas essa dorzinha gera novos medos, ansiedade e com tudo isso novas expectativas
Meu mundo se move lentamente em uma direção a qual não tenho muita certeza, mas não me importo, não é cedo pra dizer que me importo, não é cedo pra dizer que te adoro. Prefiro cedo ao tarde.
(Whatever life brings, I'm cool)
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Ai! Em que, molhadeira, se meteu Lúcia.
Com seus trinta e quatro anos, bonita, profissional e muito fogosa, Lúcia, separou-se de seu marido com quem foi casada por quase dez anos, voltou pra casa de seus pais e nesse meio tempo reformou uma pequena casinha que havia comprado na intenção de fazer seu próprio escritório de arquitetura. O que não rolou continuou então a trabalhar no mesmo escritório que sempre trabalhou desde que se formou. Ela não gostava muito de lá, não entendia as piadas dos “caras”, mesmo depois de tanto tempo, o dono do escritório um senhor muito inteligente vivia sofrendo pelos estagiários que nunca ficavam mais de 6 meses por lá ela deu sorte foi a única que ficou e foi efetivada. Achava que era uma boa profissional e se segurava no moto: Devo sempre fazer o melhor, por que um dia eu terei meu próprio escritório. Mas as coisas por lá não eram assim tão legais a maioria dos caras eram gays e as meninas também. As vezes se sentia perdida, com o tempo foi aprendendo um novo vocabulário o deles. De vez em quando saia com eles, mas só pra happy hours, antes não podia sair para “baladas” por que seu marido era muito ciumento, mas agora que eles não estavam mais juntos, mesmo assim evitava, não curtia muito o som dos lugares aonde a rapaziada ia. Gostava, ela, de uma coisa mais “butch”, um samba de roda com mulatos suados de mãos grandes.
E falando em mulatos na rua em que morava havia um mulato que a deixava doida, ele trabalhava na construção em frente sua casa, a primeira vez que se falaram foi num dia de muita chuva quando parou em frente ao seu portão, voltando do trabalho, para estacionar o carro esse moço de braços fortes e barriga tanquinho juntava umas pedras do chão em frente à casa em construção. Ele pediu pra ela abrir a janela e disse: Dona, mim dê a chave que abro pra tu. Ela adorou a cavalheirismo do moço e sorridente disse que não precisava (mentiu, não queria se molhar). Entrou foi até o portão e agradeceu o moço que já voltara a arrumar suas pedrinhas. Ela entrou, olhando pra trás e a imagem daquele moço, alto, forte e jovem não saia de sua cabeça.
Uma semana se passou e por ter trabalhado até tarde não tinha visto o tal moço de novo. Sábado, sem fazer nada em casa, sentiu se de "coração aberto" e decidiu ir até a obra e levar uma coca gelada para os moços, eram cinco no total, porem só havia três homens por lá, nenhum deles bonito suficiente quanto o tal moço, até tinha um outro super simpático e até dava pra perder meia hora, mas ela queria aquele. Entrou apresentou-se pros meninos deixou as cocas e perguntou sobre o tal moço (alto, bonito, gostoso, pensou), o mais ou menos bonito e também o mais novo, Francisco, disse que o “Zézinho” tinha ido com o pai, o outro trabalhador da obra, visitar uma tia doente e que amanhã ele estaria de volta.
Ela não conseguiu esconder sua cara de decepção, mas mesmo assim agradeceu e pediu aos rapazes para agradecerem Zezinho pela gentileza do outro dia. O tal Francisco deu um sorrisinho cínico e disse, apoiando a mão na "mala" por cima do jeans surrado: Pode deixar Dona nós avisa o moço. Saiu de lá com um pouco de medo de ser encurralada no canto e ter que “fazer coisas” que não queria fazer. Essa idéia lhe deu arrepios.
No domingo quase de manhã, votando de uma sambão que não rendeu muita coisa além de uns esfrega-esfregas, os mais bonitos estavam acompanhados. Chegou doida em casa e não conseguia dormir, se sentia quente, era uma noite muito quente de verão. Logo cedo depois que já havia sol ouviu o portão improvisado de madeira deixar cair a corrente, era o Zezinho que chegava com seu pai da tal visita a tia doente. Pensou é agora ou nunca! Tomou um banho rápido colocou um penoi, correu até a lavanderia e arrancou a torneira da maquina de lavar debaixo de marteladas, com água voando pra tudo quanto era lado acabou ficando molhada e o que já era transparente ficou muito mais transparente ainda. Saiu correndo descabelada ainda com o martelo na mão e foi à casa da frente chamar Zezinho, atravessou a rua gritando por ele que saiu correndo e a segurou nos braços dizendo: Dona quê que aconteceu? Ela, esperta, esbaforida não disse nada, o foi empurrando pra dentro da casa dela, chegando lá dentro ele saiu correndo vendo aquele monte de água que agora tomava todo o chão, subiu num banco que estava próximo e fechou o registro. Ela debaixo só observava a bunda do moço em cima do banco que deixava a mostra uma cuequinha velha.
Descendo ele perguntou o que tinha acontecido e ela disse fazendo biquinho que estava tentando arrumar um vazamento, ele sorriu e perguntou: Cum martelo? Ela sem graça ainda com o martelo segurado entre os peitos disse que não tinha outra coisa. Soltou o martelo no banco e foi pegando a mão do rapaz e levando-a em direção a seus seios, veja só como fiquei molhada ela disse. Ele respondeu então é melhor a sinhora ir se banhar e por uma roupa seca. Ela foi além e tentou beijar o moço. Ele se esquivou e disse: A sinhora é muito bacana e muito bonita, mas num tá certo isso não viu Dona. Ela sorriu e disse: Você não me acha atraente? Ele disse; sinhora, eu já sou comprometido se num fosse e em outra situação eu até ia gosta. Ela indignada perguntou; oquê sua fulana tem que eu não tenho?
Ele sem saber o que dizer e não vendo outro jeito disse apenas a verdade: Sinhora num é minha “fulana” é meu fulano eu sou namorado de Francisco, por quase treis anos, ele é o outro moço que trabalha na obra.
E ele foi saindo enquanto ela, desconsolada, ia se sentando ao chão molhado.
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Essa mentira é a mais pura verdade.,
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Que?!
Dorme pouco, passa o dia inteiro arrastando os pés, mas tem que ser rápido, não pode parar, no restaurante da esquina, come no carro, dentro do vagão do metrô ou na fila do busão para poder dar tempo de fazer tudo. Falar com amigos, talvez pela internet, naqueles dez minutos que tira durante o horário do almoço, ou então por celular enquanto corre de um lado para outro, às vezes no metrô o sinal pega, às vezes aproveita parado no meio trânsito, às vezes fica com vergonha, quando no ônibus, e as pessoas carrancudas olham em sua direção. Sempre sorri para elas, mas nunca recebe nada de volta, mas pelo menos elas param de olhar, mas não de escutar. E quem te escuta quando você não tem tempo de escutar você mesmo? Ainda no banho a noite enquanto se questiona para aonde a vida vai te levar e da saudade que sente do contato físico de um abraço amigo e também de um beijo amante, sente-se cansado, desmotivado, pensa que daqui a algumas horas terá que acorda e hoje ainda é Segunda. Terça, quarta, neste dia às vezes um happyhour com colegas do trabalho, para criar aproximação e quebrar a semana ao meio, mas pra quem bebe muito pra esquecer, isso pode quebra as pernas. Continua na quinta com sono, cansado, cheio de coisas pra fazer essa semana se tornou curta, mas ainda tem mais um dia... Sexta que te anima, faz tantos planos, mas o dia tem tão poucas horas e no final dele, talvez, ver seus amigos queridos melhore o mau humor se não estiver muito cansado pra fazer qualquer coisa e só pense em ir pra cama dormir até segunda feira no horário de começar tudo de novo.
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Atropelado.
Acho que é mais ou menos isso que acontece. Eu nunca fui atropelado de verdade por um veículo, puxa já passou perto tantas vezes, mas nunca de verdade. Esses últimos dias tenho a sensação de que fui atropelado. Sinto tudo dentro de mim se apertar, como se o choque tivesse sido direto em meu peito, minhas costelas estão comprimidas contra minha espinha dorsal apertando meu estômago, pulmões e coração. Tá tudo dando nó dentro de mim. Minha respiração está curta, ofegante, minha boca está seca. Meus braços estão moles caídos paralelos ao meu corpo e minhas pernas estão bambas. Minha cabeça dói, caída de lado, ainda com os olhos abertos, observa tudo em volta. O brilho da luz do letreiro refletida nas poças d’água, o contraste da garoa que brilha ao passar em frente às luzes do postes. Ainda ouço buzinas que agora parecem musicas de quem espera, mas tem pressa de chegar ao outro lado sem saber exatamente onde.
Vocês dois nestes últimos tempos, estiveram tão próximos de mim, fizeram me enxergar muitas outras coisas que não tinha parado pra pensar antes. Deram-me força, apoio e carinho, fizeram dos meus sábados dias inesquecíveis. A partida está próxima, mas ela promete um novo começo para mim e para vocês, esse atropelamento não matou ninguém, na verdade trouxe com ele, mais vida, mais possibilidades, mais portas a serem abertas. Mostrou que quando se ama alguém, por qualquer motivo que seja, agente se entrega agente arrisca, e contra todos os preconceitos e medos ainda podemos ser felizes mesmo na distância de lugares mas com certeza na proximidade de corações.
Cy e Fe. Obgdo
( Se tudo hoje está cercado de surpresas e parece um mistério espera até chegar amanhã)
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Além daquela peça "velha" do bazar.
Fui a um bazar da igreja aqui perto, na verdade sempre que tenho um tempo (esses últimos tempos tenho tido muito tempo) passo por lá. Nem sempre tem algo que me agrada e quando tem se estou com dinheiro no bolso acabo comprando algo, coisas que nem sempre são uteis pra mim, nem sempre são tão legais assim, mas também nem ligo. Sempre acho uma utilidade e adoro coisas de tempos que não voltam mais. Tempos que eu não vivi, coisas que carregam marcas de seus antigos donos, certa energia que me atrai para algumas coisas, algumas pessoas que conheço não gostam muito, mas eu adoro. Sei lá por que, sempre tive uma ligação com coisas velhas, antigas ou se preferir de
segunda mão. É eu sei, sou meio estranho (Falei!). Mas continuando, lá na no bazar estão vendendo um PIANO SCHWARTZMAN, eu passei por ele várias vezes, aquela caixa marrom, quase da minha altura, acabei não resistindo e o abri. Ele está meio maltratado, meio manchado pelo tempo, talvez uma certa umidade, toquei com meus dedos levemente suas teclas, o som era muito bom. Quando eu vi que as pessoas me olhavam, talvez por eu não saber tocar, levei minha mão até a tampa e uma senhorinha chegou perto de mim e disse:
-Não feche. Por favor, me arrume uma cadeira.
Fácil tinha tantas por lá, arrumei uma cadeira pra ela. Ela sentou-se, coluna extremamente reta, parecia uma jovem de 16 anos, esticou os braços a frente do corpo, estralou os dedos. Começou a tocar, o som veio tímido, miúdo e espaçado, as pessoas foram chegando mais perto, o som foi crescendo, aumentando, alegrando, essa senhorinha de corpo frágil parecia uma criança brincando com os dentes de um monstro que sorria. Antes de acabar a música ela parou. Ajudei lhe levantar, elogiei e ela pegou-me braço e foi me acompanhado até a saída. Antes da porta ela me disse que este piano era dela, e que tinha doado a igreja por que o marido que tinha dado de presente pra ela tinha morrido o ano passado e que só agora ela teve coragem de se desfazer dele. Eu lhe agradeci pela música e lhe dei um beijo no rosto, saí de lá correndo, toda aquela alegria da música e toda aquela tristeza nos olhos dela lotaram meu coração a ponto de me sufocar, uma mistura de tristeza, esperança, mistura de tantas outras coisas juntas, que senti minha garganta secar, meu coração pular e uma vontade muito grande de chorar.
.
(Tenho andado assim meio distraído, meio pelos cantos, meio chorão, as coisas que fazem sentido não fazem sentido algum, as coisas que não fazem sentido já nem noto mais, tenho tido apenas uma coisa em minha cabeça... )

-Não feche. Por favor, me arrume uma cadeira.
Fácil tinha tantas por lá, arrumei uma cadeira pra ela. Ela sentou-se, coluna extremamente reta, parecia uma jovem de 16 anos, esticou os braços a frente do corpo, estralou os dedos. Começou a tocar, o som veio tímido, miúdo e espaçado, as pessoas foram chegando mais perto, o som foi crescendo, aumentando, alegrando, essa senhorinha de corpo frágil parecia uma criança brincando com os dentes de um monstro que sorria. Antes de acabar a música ela parou. Ajudei lhe levantar, elogiei e ela pegou-me braço e foi me acompanhado até a saída. Antes da porta ela me disse que este piano era dela, e que tinha doado a igreja por que o marido que tinha dado de presente pra ela tinha morrido o ano passado e que só agora ela teve coragem de se desfazer dele. Eu lhe agradeci pela música e lhe dei um beijo no rosto, saí de lá correndo, toda aquela alegria da música e toda aquela tristeza nos olhos dela lotaram meu coração a ponto de me sufocar, uma mistura de tristeza, esperança, mistura de tantas outras coisas juntas, que senti minha garganta secar, meu coração pular e uma vontade muito grande de chorar.
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(Tenho andado assim meio distraído, meio pelos cantos, meio chorão, as coisas que fazem sentido não fazem sentido algum, as coisas que não fazem sentido já nem noto mais, tenho tido apenas uma coisa em minha cabeça... )
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terça-feira, 4 de agosto de 2009
Je panique
Tudo aconteceu assim muito, mas muito rápido mesmo. Certa noite, calçada com seus peep toes, meias pretas (muito grossas) e vestida com seu vestido listrado de roxo, cyan, vert e lilac com grandes botões carmim e um decote bem generoso atrás e na frente, no braço esquerdo pulseira de acrílico fosco e sua bolsinha vintage, em sua mão direita uma taça de Cosmopolitan. Cabelos claros ao estilo Califórnia’Sun-Kissed, com largos cachos passando dos ombros presos com algo que os deixavam com um estilo meio moicano. Pisciana.
.
Tudo parecia rodar, o strobe piscava muito rápido, rápido demais. Naquela noite, ele se esquecera de por um cinto, seu jeans surrado pendia do lado do bolso da carteira, camiseta branca, blazer preto de sarja com moletom azul por baixo, no braço direito, pulseira de couro dessas compradas na Praça Benedito Calisto ou República (tanto faz). Na mão direita uma lata de cerveja (Nacional). Calçado com seu tênis verde estilo “Allstar”. Cabelos despenteados pelo vento que neste dia dava a impressão de que tudo passava num segundo. Canceriano.
Tudo parecia rodar, o strobe piscava muito rápido, rápido demais. Naquela noite, ele se esquecera de por um cinto, seu jeans surrado pendia do lado do bolso da carteira, camiseta branca, blazer preto de sarja com moletom azul por baixo, no braço direito, pulseira de couro dessas compradas na Praça Benedito Calisto ou República (tanto faz). Na mão direita uma lata de cerveja (Nacional). Calçado com seu tênis verde estilo “Allstar”. Cabelos despenteados pelo vento que neste dia dava a impressão de que tudo passava num segundo. Canceriano.
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Ela estava beijando um cara que acabara de conhecer, por um momento achou que sua amiga tinha dito algo, abriu um dos olhos e não a viu, mas viu este rapaz (bonito) que passava frente ao bar onde ela estava, era parecia engraçado, ele parecia bêbado, quase que cambaleava pela tontura que o strobe dava. Fechou o olho novamente, em sua mente via a imagem do rapaz, sentiu vontade de rir. Ele apenas tentava chegar ao meio do club, acabara de sair de um relacionamento muito longo, olhava pra todo mundo, mas nem pensava em envolvimento com ninguém. Queria apenas queimar a bruxa na fogueira e suar toda sua tristeza na pista de dança. O strobe parou, ele já conseguia andar normalmente.
Ela estava beijando um cara que acabara de conhecer, por um momento achou que sua amiga tinha dito algo, abriu um dos olhos e não a viu, mas viu este rapaz (bonito) que passava frente ao bar onde ela estava, era parecia engraçado, ele parecia bêbado, quase que cambaleava pela tontura que o strobe dava. Fechou o olho novamente, em sua mente via a imagem do rapaz, sentiu vontade de rir. Ele apenas tentava chegar ao meio do club, acabara de sair de um relacionamento muito longo, olhava pra todo mundo, mas nem pensava em envolvimento com ninguém. Queria apenas queimar a bruxa na fogueira e suar toda sua tristeza na pista de dança. O strobe parou, ele já conseguia andar normalmente.
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O cara que ela beijava disse que ia ao banheiro, ela disse que tudo bem, virou sua taça de uma vez e colocou a no balcão. Ele ouviu uma musica gostava, começar, virou
sua lata queria estar com a mãos livres. Ela foi chegando perto, tirou um cigarro da bolsa, ela tinha isqueiro, mas virou pra ele e pediu “fogo”. Ele abriu os olhos e sorriu, ela era mesmo muito bonita, disse algo em seu ouvido, mas ela não entendeu. E colocou seus lábios perto do ouvido dele e perguntou o que tinha dito. Ele sorriu de novo, sorriso branco, boca vermelha, olhos verdes. Eu não fumo foi o que ele disse. Ela pensou em voltar ao bar e enquanto começa virar os ombros e sair. Ele a puxou pela cintura e disse pra ela esperar esta música acabar por que era muito boa. Começaram a dançar juntos.
O cara que ela beijava disse que ia ao banheiro, ela disse que tudo bem, virou sua taça de uma vez e colocou a no balcão. Ele ouviu uma musica gostava, começar, virou

.
E muito rápido, muito rápido mesmo, rápido demais até. Eles começaram a se beijar. Ela, olhos castanhos fechados, boca carnuda que encontrava a boca dele. Não perguntaram nomes, um abraço que era como entrar dentro dos braços e corpo dele. Ele tonto, excitado pelo cheiro dela. A bebida nos dois, ditava a intensidade de seus beijos. A pista começou ficar muito apertada decidiram ir pra um canto mais sossegado. Sem tempo, a vontade de mais e além era muito grande. Ele morava com amigos. Ela morava sozinha, o carro dele seguiu o dela. Do lado de fora, chuva e frio dentro de cada carro um desejo que crescia (e como crescia).
E muito rápido, muito rápido mesmo, rápido demais até. Eles começaram a se beijar. Ela, olhos castanhos fechados, boca carnuda que encontrava a boca dele. Não perguntaram nomes, um abraço que era como entrar dentro dos braços e corpo dele. Ele tonto, excitado pelo cheiro dela. A bebida nos dois, ditava a intensidade de seus beijos. A pista começou ficar muito apertada decidiram ir pra um canto mais sossegado. Sem tempo, a vontade de mais e além era muito grande. Ele morava com amigos. Ela morava sozinha, o carro dele seguiu o dela. Do lado de fora, chuva e frio dentro de cada carro um desejo que crescia (e como crescia).
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Carro dele fora do prédio, carro dela na garagem, ele achou que tudo era bom demais para estar acontecendo, teve medo de que ela não saísse do prédio, pensou em ligar pra ela (mas desistiu). Ela se preocupava, achava que ele tivesse ido embora, o elevador demorava, pensou em ligar pra ele (na garagem não havia sinal). Muito rápido (não o suficiente). Eles estavam entrando no prédio. Elevador demorado. Moro no quinto andar, ela disse, ele encostando seu corpo no dela pensou, “ainda bem que não é no 20°”, e eles se beijaram.
Carro dele fora do prédio, carro dela na garagem, ele achou que tudo era bom demais para estar acontecendo, teve medo de que ela não saísse do prédio, pensou em ligar pra ela (mas desistiu). Ela se preocupava, achava que ele tivesse ido embora, o elevador demorava, pensou em ligar pra ele (na garagem não havia sinal). Muito rápido (não o suficiente). Eles estavam entrando no prédio. Elevador demorado. Moro no quinto andar, ela disse, ele encostando seu corpo no dela pensou, “ainda bem que não é no 20°”, e eles se beijaram.
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Da porta pra dentro daquele apartamento, nada muito importante foi dito, mas todo o resto foi feito, durante horas, e depois de novo e de novo. Era uma coisa louca, eles eram dois estranhos, mas isso não parecia importar. Era como se o tempo do lado de fora de lá não existisse, era como essa intimidade já fosse conhecida, era com se estes beijos já fossem de lábios “antigos” em suas vidas.
Da porta pra dentro daquele apartamento, nada muito importante foi dito, mas todo o resto foi feito, durante horas, e depois de novo e de novo. Era uma coisa louca, eles eram dois estranhos, mas isso não parecia importar. Era como se o tempo do lado de fora de lá não existisse, era como essa intimidade já fosse conhecida, era com se estes beijos já fossem de lábios “antigos” em suas vidas.
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Ele dormiu lá, corpo nu abraçado ao corpo nu dela. Quando ela pegou no sono já brilhava o sol do lado de fora do apartamento. Ao acordar beijos, aqueles de quem acabaram de acordar, mas pra eles isso não importava. E eles esquentaram, e foi muito bom para os dois. Banho, juntos, cheiro de café, cheiro de French Toast, ainda cheiro de sabonete que deu vontade de mais banho. Decidiram sair pra almoçar juntos, podiam andar até algum lugar bonitinho por perto do apartamento dela. Eles comeram e beberam, deram muitas risadas e conversaram sobre tudo que não tinham conversado antes.
Ele dormiu lá, corpo nu abraçado ao corpo nu dela. Quando ela pegou no sono já brilhava o sol do lado de fora do apartamento. Ao acordar beijos, aqueles de quem acabaram de acordar, mas pra eles isso não importava. E eles esquentaram, e foi muito bom para os dois. Banho, juntos, cheiro de café, cheiro de French Toast, ainda cheiro de sabonete que deu vontade de mais banho. Decidiram sair pra almoçar juntos, podiam andar até algum lugar bonitinho por perto do apartamento dela. Eles comeram e beberam, deram muitas risadas e conversaram sobre tudo que não tinham conversado antes.
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Ele a deixou na porta do apartamento. Ela o puxou pela mão e deu lhe um beijo muito sentido. Ele pensou que era cedo demais, mas era o que ele precisava mesmo. Ela achou que foi bom demais, era o que ela queria. Ele foi embora feliz pensando em mandar uma mensagem para agradecer e fez. Ela respondeu logo em seguida, arrumando a bagunça que eles fizeram no apartamento. Mas no final das contas. Eles nunca mais se viram. A vida muda tudo muito rápido, muito rápido mesmo, rápido demais até que dá pânico, insegurança, medo, e esse medo idiota, pânico e insegurança fizeram com que os dois não tentassem. Jogando tudo que aconteceu nas mãos do destino.
Ele a deixou na porta do apartamento. Ela o puxou pela mão e deu lhe um beijo muito sentido. Ele pensou que era cedo demais, mas era o que ele precisava mesmo. Ela achou que foi bom demais, era o que ela queria. Ele foi embora feliz pensando em mandar uma mensagem para agradecer e fez. Ela respondeu logo em seguida, arrumando a bagunça que eles fizeram no apartamento. Mas no final das contas. Eles nunca mais se viram. A vida muda tudo muito rápido, muito rápido mesmo, rápido demais até que dá pânico, insegurança, medo, e esse medo idiota, pânico e insegurança fizeram com que os dois não tentassem. Jogando tudo que aconteceu nas mãos do destino.
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(Quando não tentamos o destino faz apenas o que ele quer e quando quer)
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Naquela esquina
Quando nos conhecemos, não lembro o que aconteceu em meu dia inteiro até aquele momento em que te vi pela primeira vez. É engraçado que todas as outras preocupações como correr do ponto de ônibus para chegar a tempo para primeira aula na qual eu teria prova, entregar um trabalho para ser impresso e outros por menores, todo resto, tudo deixou de fazer sentido num segundo, num sorriso, apertos de mãos ou beijos no rosto, você estava acompanhado e foi só por isso que nos conhecemos, sem perceber, aquele próximo minuto, teu, de timidez e minha estabanação, uma certa curiosidade sobre mim, minha certa curiosidade por você. Em dias, isso tudo, nos trouxe um pra perto do outro.
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sexta-feira, 17 de julho de 2009
Igual a você, mas diferente.
Parados no ponto de ônibus.
- Cara que bom que você está aqui. Fiz tanta propaganda de você que é por isso que todo mundo estava tão à-vontade contigo.
- Nossa muito, muito obrigado foi a segunda coisa mais fofa e gentil que fizeram comigo este mês (iavcfoiaprimeira), muito obrigado mesmo.
- Sabe... Eu tenho que te confessar uma coisa!
- Nossa confesse sou só ouvidos.
- Eu não gostava de você, na verdade eu te desprezava.
(Soltei uma risada nervosa)
- Poxa vida, agora você me faz ter que te agradecer em dobro! Mas por que tanta raiva?
- É que somos muito parecidos, sabe?
- Como assim?
- Agente aparenta ser muito frio e superficial, por que no fundo no fundo não somos felizes.
(Pensei em desmentir essa observação, mas desencanei)
- Sério? Eu te acho feliz e muito legal, na verdade sempre achei, fico contente quando te convido pra sair e você realmente sai comigo e com meus amigos e se diverte com agente.
- Então, essas pequenas coisinhas me fizeram ver que você não é frio, você,realmente, se importa e sei que quando você diz que é uma pena que eu não possa sair com vocês, você está sendo sincero. E aquele dia que saímos juntos, foi tão divertido, eu adorei as pessoas que te cercam então eu achei que você seria um bom amigo pra ter por perto. Por isso fiz tanta propaganda de você, disse que as pessoas seriam burras se te deixassem escapar.
Eu sem saber o que dizer dei-lhe um abraço e o nosso ônibus chegou.
- Cara que bom que você está aqui. Fiz tanta propaganda de você que é por isso que todo mundo estava tão à-vontade contigo.
- Nossa muito, muito obrigado foi a segunda coisa mais fofa e gentil que fizeram comigo este mês (iavcfoiaprimeira), muito obrigado mesmo.
- Sabe... Eu tenho que te confessar uma coisa!
- Nossa confesse sou só ouvidos.
- Eu não gostava de você, na verdade eu te desprezava.
(Soltei uma risada nervosa)
- Poxa vida, agora você me faz ter que te agradecer em dobro! Mas por que tanta raiva?
- É que somos muito parecidos, sabe?
- Como assim?
- Agente aparenta ser muito frio e superficial, por que no fundo no fundo não somos felizes.
(Pensei em desmentir essa observação, mas desencanei)
- Sério? Eu te acho feliz e muito legal, na verdade sempre achei, fico contente quando te convido pra sair e você realmente sai comigo e com meus amigos e se diverte com agente.
- Então, essas pequenas coisinhas me fizeram ver que você não é frio, você,realmente, se importa e sei que quando você diz que é uma pena que eu não possa sair com vocês, você está sendo sincero. E aquele dia que saímos juntos, foi tão divertido, eu adorei as pessoas que te cercam então eu achei que você seria um bom amigo pra ter por perto. Por isso fiz tanta propaganda de você, disse que as pessoas seriam burras se te deixassem escapar.
Eu sem saber o que dizer dei-lhe um abraço e o nosso ônibus chegou.
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Que confusão.
Vivo uma vida tranquila, per say, mas hoje enquanto voltava pra casa, pegando a Paulista sentido Consolação, me irritava com o transito, cada quarteirão me dava a sensação de que perdera, pelo menos, meia hora da minha vida e era verdade, lembro dos dias da faculdade em que costumava fazer este mesmo caminho e gastava no máximo 20 minutos entre Brigadeiro e Consolação.
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Enquanto lembrava disso em meio todas as buzinas e o barulho da britadeira do moço ao lado na reforma da calçada, o garupa do motoqueiro andando muito próximo a calçada subtraiu a bolsa da senhora elegante que usava scarpin, mas a frente o senhor taxista distraído abriu a porta do carro e derrubou o motoqueiro e o garupa, o policial que tentava explicar ao gringo que o casarão 1919 não era um museu correu em direção ao taxi largando o turista perdido, a senhora vendo tudo aquilo, tirou o scarpin dos pés e saiu correndo com eles nas mãos.
Enquanto lembrava disso em meio todas as buzinas e o barulho da britadeira do moço ao lado na reforma da calçada, o garupa do motoqueiro andando muito próximo a calçada subtraiu a bolsa da senhora elegante que usava scarpin, mas a frente o senhor taxista distraído abriu a porta do carro e derrubou o motoqueiro e o garupa, o policial que tentava explicar ao gringo que o casarão 1919 não era um museu correu em direção ao taxi largando o turista perdido, a senhora vendo tudo aquilo, tirou o scarpin dos pés e saiu correndo com eles nas mãos.
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A fila andou e eu queira ver a confusão, apenas via parte do movimento pelo retrovisor, mas nada dava pra tirar daquela história, voltei aos meus pensamentos, e imaginava minha própia confusão, meu passado que não me larga, o gigante gentil que abriu seu coração, o violino que voltou a tocar no meu telefone e os olhos verdes (I’m a sucker for them) que de repente me encantou prometendo que tudo ia mudar e que eu só precisa atravessar a rua.
A fila andou e eu queira ver a confusão, apenas via parte do movimento pelo retrovisor, mas nada dava pra tirar daquela história, voltei aos meus pensamentos, e imaginava minha própia confusão, meu passado que não me larga, o gigante gentil que abriu seu coração, o violino que voltou a tocar no meu telefone e os olhos verdes (I’m a sucker for them) que de repente me encantou prometendo que tudo ia mudar e que eu só precisa atravessar a rua.
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E me imagino como aquele policial que corria para tenta apartar o velhinho taxista que segurava o motoqueiro pelo colarinho, mas no caminho se deparou com o garupa que pensava em fugir com a bolsa e numa braçada o agarrou enquanto a senhora que com umas das mãos tentava tomar dos braços do garupa a bolsa e com a outra mão batia com um dos scarpins nas costas deles.
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A pista abriu, a vida continua, tudo no olhar "back" me intriga, mas quero parar de olhar pelo retrovisor.
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quarta-feira, 8 de julho de 2009
Últimos dias de verão.
Últimos dias de verão o tempo já começa esfriar por que numa cidade como Sampa, o tempo muda, tudo muda de uma hora para outra, de um dia para o outro. Chovia muito na noite anterior, mas a chuva deu trégua e um tímido sol de outono, esquentava aquela manhã fria.
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Sai de casa sem destino certo, só queria sair e dar uma volta, sentir o sol esquentar minha cabeça, algo no lugar das minhas preocupações para esquentá-la seria bom. E andando por uma rua perto de casa, vi uma cena, não me chocou, não me "alegrou", somente me fez pensar.
.E parei pra pensar que por mais problemas e dificuldades eu estivesse passando, ainda tinha tranqüilidade, em minha vida, em mim e em minha cabeça pra não deixar todo o chão fugir sob meus pés. Ainda tinha amigos que gostam de mim e tenho certeza, não deixariam que eu chegasse àquele ponto. E por pior que eu pudesse achar (pois não acho) que a vida fosse. Mais que tudo, tenho minha família e que por mais que a gente tenha diferenças e problemas eles sempre estiveram e estão ao meu lado.
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(There are still so many things to say, my heart aches for so many reasons, some of them are not mine)
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quinta-feira, 11 de junho de 2009
Ônibus errado.
Hoje sai correndo, tinha tanta coisa pra fazer, mas não esqueci nada que fosse para mim importante neste dia tão corrido.
Quando chega o mês de Junho, são tantas coisas importantes, difícil não parar pra pensar.
Que seria uma tolice, esquecer em casa algo que pudesse ser necessário nestes, delicados, dias finais do semestre.
Corria de um lado para dentro de casa antes de sair.
Estava frio, chovendo.
Vésperas de feriado.
Mês de orgulho gay, final de semana da parada gay.
Cidade cheia.
Tentava ainda memorizar tudo, para minha ultima prova.
Refazia exercícios na cabeça.
Mas, de repente, na bagunça de meus pensamentos.
Eu acabei pegando o ônibus errado.
Por quê?
Porque me lembrei de você.
Quando chega o mês de Junho, são tantas coisas importantes, difícil não parar pra pensar.
Que seria uma tolice, esquecer em casa algo que pudesse ser necessário nestes, delicados, dias finais do semestre.
Corria de um lado para dentro de casa antes de sair.
Estava frio, chovendo.
Vésperas de feriado.
Mês de orgulho gay, final de semana da parada gay.
Cidade cheia.
Tentava ainda memorizar tudo, para minha ultima prova.
Refazia exercícios na cabeça.
Mas, de repente, na bagunça de meus pensamentos.
Eu acabei pegando o ônibus errado.
Por quê?
Porque me lembrei de você.
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
23:55h
Só vou até aqui, por favor, não me peça para ir adiante. Onde tudo parece festa e alegria existe um buraco negro que do meio do peito te revira tudo que é de dentro para fora. É, é no final desta rua que vai à esquina com aquela que leva a lugar nenhum. Sim existe um prédio laranja, com poucos andares eu sei.
Sim foi lá que eu vivi, era no segundo andar, vendo daqui não dá pra enxergar direito, mas preste atenção. É o único andar com as luzes apagadas. Quando eu morei ali, a esta hora da noite era ao contrário. Lembro que os dias eram quentes, longos, muito longos e as noites eram curtas e frias. O vento soprava baixinho como um assobio, entrava por todas as frestas e furos do telhado e sempre encontravam meu corpo.
Durante o dia deitada em minha cama, não tinha forças para me mover, dela mesma, fechava minhas cortinas esperando que o sol ficasse do lado de fora para que eu pudesse dormir mais um pouco quando, ainda, o álcool da noite anterior circulava dentro do meu corpo ensaiava um ensaio de sono que me garantia mais meia, uma hora, tranquila no silêncio da minha mente. Mas a rua do lado de fora estava viva, e o calor gritava e eu tentava me esconder atrás das cortinas grossas de veludo verde.
Nunca senti fome ali, mas engordei quilos e quilos, acho que era por que me movia pouco. Como uma vampira esperava que a noite caísse se dobrando por cima do dia e eu deitada no chão da sala, esperava que o movimento no corredor do prédio desaparecesse, todas aquelas sombras distorcidas que dançavam por baixo da porta iam-se e a calma no meu peito surgia, era como se elas vigiassem cada movimento meu, guarda costas que não guardavam nada.
Ascendia as luzes, sim todas as luzes, ligava o rádio bem alto, tirava toda minha roupa. Pulava e dançava. Ia até o banheiro, ligava chuveiro e voltava ao meu quarto pra escolher uma roupa, sabia que sairia sozinha mais uma vez. Tinha um namorado, mas ele pouco me servia, nunca estava e quando estava, estava bêbado demais para lembrar-se do próprio nome, imagina o meu.
Depois do banho secava meus cabelos com o secador enquanto mandava mensagens para todos que pudessem se importar, mas como sempre nenhuma resposta. Vestia então minha roupa, calcinha, calça, camiseta, botas longas com saltos muito altos e finos, sinto, acessórios, perfume, maquiagem e por cima de tudo um casaco longo até os joelhos. Estava quase pronta, tentava ligar pra ele, mas sem resposta, devia estar com alguma vagabunda por ai. Existe tão pouco que podemos fazer, às vezes, além daquilo que achamos que não devemos fazer.
Chaves no bolso do casaco, garrafa de Vodka em baixo do braço. De casa andava até a linha do trem, às vezes brincava, tentava equilibrar meu salto em cima do trilho, enquanto girava minha bolsa na ponta de meu dedo indicador da mão esquerda, com a mão direita, virava a garrafa de Vodka na boca. Andava, andava e andava, quando via os carros cruzarem os trilhos me escondia atrás das moitas e quando um trem passava, sempre pedia carona, às vezes eles paravam. Para onde ia? Não sei, nunca soube, só sei que para aquele prédio eu não volto mais.
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(Se todos os caminhos levam a algum lugar, porque ainda estou aqui?)
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quarta-feira, 29 de abril de 2009
Essas canções, que me tiram do sério.
Ai, ai hoje depois de ficar num dorme e acorda sem fim dentro do busão no caminho pra facul, estava super atrasado para primeira aula, teria prova na quarta e quinta aula, tecnologia têxtil, super legal a matéria, mas muito foda. Já cansado antes mesmo de chegar, finalmente alcanço a Avenida Rio Branco no centro, super charmosa com suas pequenas casinhas de strip e suas moças trabalhadoras e distintas de famílias boas, seus barzinhos lotados de simpáticos e perfumosos nigerianos, (tentando ser um pouco “Melissoliana”) e foi num destes bares que parei pra comprar cigarro, precisaria fumar um maço inteiro pra conter meu nervosismo antes da prova, dez perguntas dissertativas, sobre cores, tingimento, luz, espectrum de cor, estampa, cilindros, enxofre, banhos, alvejamento e afins, no meio de todos estes pensamentos enquanto observava em volta um barzinho simpático com azulejos brancos até a metade da parede o resto era de uma cor alaranjada, tinha mesinhas de aluminio e um radinho numa prateleira, pintada da mesma cor que a parede, no alto atrás do caixa, eu esperava o moço me dar meu troco e do radinho lá de cima pra baixo, em cima de mim, abriu a fossa...
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(Bethania - As Canções...)
(Uhum, aham, ah táh, a bit hard to think straight about the test or about anything else, just grabed my change and flew away, whishing for a hard rain to start)
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quarta-feira, 22 de abril de 2009
Eu Heim.
Conversando com uma amiga “gay-l”, falando das diferentes possibilidades de romances,
-Escorrega teu dedo pra dentro de minha boca...
E falávamos de como tem gente estranha no mundo, principalmente neste universo,
-Force até o fundo, tire meu fôlego...
Eu não sei o que dizer, pois já vi e ouvi coisas que ainda me deixam intrigado,
-Com tua outra mão, pegue meu braço e gira teu corpo pra trás de mim...
Eu não sei se ainda sou um pouco ou muito “puritano” em relação algumas coisas,
-Segurando com força meu braço atrás de meu corpo, não tire, de minha boca, o outro dedo...
Na verdade acho que algumas coisas até passam, quando se está lá, no “calor do momento”,
-Deixe-me sentir o calor do teu corpo, largue meu braço e coloque tua mão dentro de minhas calças...
Mas realmente, ainda assim, tem, algumas coisas, que, fazer, em pé, em frente delegacias me dão um pouco de medo.
-Isso, fundo, quero “acabar” assim, de frente pra eles...
Sei lá né, como disse o M: "Ado, aado, cada um com seu pote de picles"
-Escorrega teu dedo pra dentro de minha boca...
E falávamos de como tem gente estranha no mundo, principalmente neste universo,
-Force até o fundo, tire meu fôlego...
Eu não sei o que dizer, pois já vi e ouvi coisas que ainda me deixam intrigado,
-Com tua outra mão, pegue meu braço e gira teu corpo pra trás de mim...
Eu não sei se ainda sou um pouco ou muito “puritano” em relação algumas coisas,
-Segurando com força meu braço atrás de meu corpo, não tire, de minha boca, o outro dedo...
Na verdade acho que algumas coisas até passam, quando se está lá, no “calor do momento”,
-Deixe-me sentir o calor do teu corpo, largue meu braço e coloque tua mão dentro de minhas calças...
Mas realmente, ainda assim, tem, algumas coisas, que, fazer, em pé, em frente delegacias me dão um pouco de medo.
-Isso, fundo, quero “acabar” assim, de frente pra eles...
Sei lá né, como disse o M: "Ado, aado, cada um com seu pote de picles"
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sexta-feira, 17 de abril de 2009
Avoir de la "fièvre"
Rumo, sem rumo, desatento, desocupado, passado. Cara não existe coisa pior do que esperar pelos outros, pior ainda é não poder fazer nada enquanto se espera. As pessoas às vezes perdem a noção e isso me irrita muito. O que é obvio deveria ser visto e entendido e não deixar confuso. Todos os sinais estão na tua cara. O menino que te ama. A menina que te quer. É duro quando as pessoas tem muitos dedos, pra segurar coisas que são simples e se pega apenas com um dedo só. Amigos que passam por isso, eu passo por isso. Tá com medinho? Toma vergonha e seja "HOMEM", "MULHER". Ta na sua cara, olhe e veja, sem medo, sem ressalvas, aproveita-o-que-o-destino-te-deu-de-mão-beijada, divirta-se, se esbalde e como diria a Marta: “Relaxa e goza”.
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(Por pior que isso possa suar, eu adoro, quando as coisas vem ao seu tempo, mas realmente esperar não é uma das minhas virtudes, eu enjôo, fácil já disse isso antes, e acho melhor quando as pessoas tomam atitudes rápidas, nem precisam ser exatas, mas algo precisa acontecer, senão eu me desprendo tão rápido como me prendi)
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(Hahahahahahaha!!!!!!! Muitos dedos nas mãos e nenhuma ação delas no meu corpo, urgh!)
(Alô, alô turista, segue o conselho da Martinha)
terça-feira, 14 de abril de 2009
Dorme comigo esta noite.
Estava frio era uma noite dessas com cara de noite de Fog Londrino. Dorme comigo está noite pensei em dizer, mas me perguntou, antes, se podia dormir em minha casa. Eu ainda moro com meus pais, gostaria muito de te levar pra minha, mas acho que temos que ir pra tua. Não sei se deveria perguntar isso pra você, mas queria que soubesse que penso muito em você quando tomo banho e não consigo estar perto e não querer ficar mais tempo. Posso. Não disse não.
Daqui a pouco será dia e um pouco mais difícil de partir, devemos ir agora. Veja a lua que linda, está encoberta pelas nuvens, vê-se apenas sua luz na frente do céu negro. Está frio, me abraça, podemos caminhar assim até lá, você se importa? Jamais me importaria em receber um abraço. Espera um pouco olha pra mim, o que tem de diferente em você? Não consigo afirmar ao certo. Deve ser você. Então um beijo.
E mais outro ainda melhor do que o primeiro da surpresa. Assim caminharam, entre beijos, abraçados, debaixo do sereno, suas mochilas nas costas, uma típica noite paulista, sem pressa, sem medo, sem mentiras, era tudo o que não era, era mais do que esperavam.
Ao chegar, banho quente sem motivo pra pensar no que não estava e apenas aproveitar o que se tinha, debaixo dos lençóis sussurros, beijos e abraços. Um ser mais do que podia ser, enquanto nada mais restava do lado de fora, além do frio que já não estava mais dentro, estava trancado embaixo do sereno daquela noite fria.
(Adoro falar de razões que não tem lógica, de sentidos que nos dão voltas)
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sexta-feira, 10 de abril de 2009
Obrigado por aquele verão.
Sentia no ar o cheiro de manga madura, enquanto andava para a beira do rio para tentar refrescar minha pele que ardia com o calor daquela terra, passava pelas vacas, bois e touros. As vacas com suas grandes tetas e seus sinos barulhentos, os touros tem chifres e bolas, os bois, são só os bois.
Tentava fazer sentido de tudo que estava a minha volta, o verde que sofria com a falta de chuva, o burro que pastava magro, no fundo o barulho da cachoeira e o cachorro que latia avisando que chegara alguém. Não estava preocupado com isso queria apenas molhar minha cabeça em baixo das arvores na beira do rio. Sentia que aquele dia seria mais um dia sem sentido, mais um dia de inércia, não queria pensar nos meus problemas e já vinha fazendo isso por alguns dias.
As crianças no sitio do lado gargalhavam e suas risadas ecoavam por todo lado, mas isso não me incomodava, sentia que o sitio era muito mais barulhento do que a cidade e isso me agradava, apesar de procurar paz, também não curtia silêncio total. Ele me fazia me sentir só e na solidão dos meus pensamentos e na presença de algumas lembranças ficava triste.
Tirei a tolha de dentro de um cesto de palha que carregava, dentro dele havia também uma garrafa d’água uma faca, uma manga e uma banana, caso a fome apertasse demais. Tirei toda minha roupa e coloquei encima da pedra. Fui andando em direção água. Passei pelo antigo balanço que estava lá, ainda, pendurado naquela arvore de galhos que alcançavam a outra margem do rio.
Comecei a lembrar de uma história que ouvia na infância, quando alguns, antes de mim, primos e seus amigos e algumas primas e suas amigas que passavam o verão no sítio. Era muito divertido, apostavam corrida pra ver quem chegava primeiro até o rio e quem perdesse teria que carregar de volta para a casa todas as cestas, mochilas e sacolas que levavam com guloseimas e roupas para a beira do rio.
Era tudo muito ingênuo, as meninas e os meninos tiravam as roupas e nadavam pelados, mas com a puberdade as coisas foram mudando as meninas iam de manhã e os meninos à tarde porque caso perdessem noção da hora eles não tinha medo de voltar no escuro. Era assim o combinado. Meu avô fazia questão de que cumprissem o combinado, mas era inevitável as vezes que esse combinado se embananasse todo, lógico que os meninos iam escondidos espiar as meninas, que já espertas tomavam banho no rio com suas roupas de baixo, e às vezes o contrário acontecia também, mas os meninos, amostrados, faziam questão de ficar nus mostrando que já estavam virando homens e os pelos já existiam.
Mas era tudo tão simples então, até que as paixões começaram a se desenvolver, junto com os corpos, primos não podiam namorar, era o que diziam, mas é claro que muitos namoravam durante o verão no sitio escondidos dos pais, nenhum deles comentava nada, na verdade cada um era muito cúmplice do outro e era assim que viviam, era assim que descobriam muitas coisas sobre eles e sobre os outros. E foi então num final de verão que dois deles se apaixonaram. Ele não era primo era amigo do primo e ela queria mesmo era aproveitar o resto das estações com ele. Foi no final daquele verão de 75 e antes do próximo verão eu nasci.
(De sol em sol a terra se consome,
De dias em dias o tempo lentamente vai se acabando.
E o que sobra pra gente além das lembranças. E das lembranças o que sobra? Só as boas?)
De dias em dias o tempo lentamente vai se acabando.
E o que sobra pra gente além das lembranças. E das lembranças o que sobra? Só as boas?)
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segunda-feira, 6 de abril de 2009
O último anoitecer "dela".
Depois de dias em debate com seus amigos sobre o que seu namorado havia lhe pedido, pensou e pensou e numa decisão louca decidiu que aquela seria a sua última vez. Seus amigos eram contra sua decisão, mas ele por amor estava disposto a colocar seu passado para trás de uma vez por todas e recomeçar do zero, sabia que sua vida seria um tanto difícil daqui pra frente. Não iria morrer de fome, mas seu diploma de contabilidade estava já há alguns anos guardado e trancafiado dentro de uma gaveta qualquer, no lugar dele na parede, um diploma de maquiador e muitas fotos de seus shows pelo Brasil.
. (Proximo a Estação da Luz)
Decidiu então que aquela seria a noite que o marcaria para sempre, vendo pela janela o dia escurecer do lado de fora, começou então sua última montação. Enrolou uma toalha na cabeça e começou pela barba, o chuchu já crescia, uma boa depilação seria o começo da preparação para a maquiagem, raspou seu rosto de cima para baixo e de baixo para cima, aparou os pelos de sua narina, tirou o excesso de pelos da sobrancelha, fez uma esfoliação na pele do rosto, pôs uma mascara e foi ao armário procurar uma roupa praquele dia especial, afinal era uma convenção e todas as suas rivais estariam no encontro, sabia que muitas ficariam felizes que ele (a) estava “deixando a cena” seria para algumas a chance de ter um lugar ao sol também já que ela era super requisitada para shows.
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Na cabeça dele existiam duas pessoas separadas ali e com personalidades extremamente diferentes, um lado mulher muitíssimo “female fatale” rosto marcante e sexy com um corpo esguio e quadril largo, corajosa, profissional, dançarina, auto-suficiente e invejada. Do outro lado existia um rapaz tímido, rosto delicado, com um corpo frágil demais para ser homem, não gostava da profissão (que os pais escolheram pra ele), desengonçado com as mãos, extremamente apaixonado, afetivo e dependente do carinho das pessoas.
Na cabeça dele existiam duas pessoas separadas ali e com personalidades extremamente diferentes, um lado mulher muitíssimo “female fatale” rosto marcante e sexy com um corpo esguio e quadril largo, corajosa, profissional, dançarina, auto-suficiente e invejada. Do outro lado existia um rapaz tímido, rosto delicado, com um corpo frágil demais para ser homem, não gostava da profissão (que os pais escolheram pra ele), desengonçado com as mãos, extremamente apaixonado, afetivo e dependente do carinho das pessoas.
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Pensou na cor, pensou em preto, mas aquilo não era um enterro, lembrou da história da Fênix e como ela ressurgia das cinzas, gostou da idéia então seu look teria muitas penas coloridas de seu bolerinho espanhol, tons de vermelho, roxo, azul cobalto e um pouco de azul “Mozart”. Queria ser lembrada como sexy e outrageous, adorava essa palavra. Um vestido com lantejoulas e fendas matadoras que subia por suas pernas longas e torneadas, marcaria por cima deste vestido com um corselete de couro, que trouxe de uma viagem a Paris, sua cintura fina, o vestido era tomara-que-caia, então os seus “seios” teriam que ser daquele enchimento de silicone transparente por baixo de sue peito natural. No colo do seu peito usaria um colar de pedras semipreciosas brasileiras que comprou próximo ao Picadilly Circus em uma viagem que fez a Londres. Pensaria nos sapatos, peruca e anéis depois a pele do rosto repuxava por causa da mascara decidiu ir ao banho.
Pensou na cor, pensou em preto, mas aquilo não era um enterro, lembrou da história da Fênix e como ela ressurgia das cinzas, gostou da idéia então seu look teria muitas penas coloridas de seu bolerinho espanhol, tons de vermelho, roxo, azul cobalto e um pouco de azul “Mozart”. Queria ser lembrada como sexy e outrageous, adorava essa palavra. Um vestido com lantejoulas e fendas matadoras que subia por suas pernas longas e torneadas, marcaria por cima deste vestido com um corselete de couro, que trouxe de uma viagem a Paris, sua cintura fina, o vestido era tomara-que-caia, então os seus “seios” teriam que ser daquele enchimento de silicone transparente por baixo de sue peito natural. No colo do seu peito usaria um colar de pedras semipreciosas brasileiras que comprou próximo ao Picadilly Circus em uma viagem que fez a Londres. Pensaria nos sapatos, peruca e anéis depois a pele do rosto repuxava por causa da mascara decidiu ir ao banho.
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Depilaria as pernas e axilas, usaria exfoliante no resto do corpo, queria ficar com a pele macia para pela última vez sentir a sensação daquela mistura topa de tecido e matérias cobrindo seu corpo, seus cabelos na altura dos ombros seriam cortados em breve, no lugar das lentes de contado voltaria a usar seus antigos óculos de armação grande e preta, suas unhas compridas e pintadas estilo “francesinha”, também seriam curtas novamente no final de seus dedos longos e brancos.
Depilaria as pernas e axilas, usaria exfoliante no resto do corpo, queria ficar com a pele macia para pela última vez sentir a sensação daquela mistura topa de tecido e matérias cobrindo seu corpo, seus cabelos na altura dos ombros seriam cortados em breve, no lugar das lentes de contado voltaria a usar seus antigos óculos de armação grande e preta, suas unhas compridas e pintadas estilo “francesinha”, também seriam curtas novamente no final de seus dedos longos e brancos.
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Passou hidratante em todo seu corpo, primeiro passou gelo em toda a pele de seu rosto e demoradamente e cuidadosamente fez sua maquiagem, corretivo, base colocada em pequenos dots acumulando e formando uma mascara de pó compacto e proteção, cílios postiços muito longos e bordô, sobrancelhas cobertas pelo mesmo tom do rosto davam lugar a uma nova redesenhada habilmente por suas mão firmes. Batom e por cima do batom, gloss e por cima do gloss um pouco de glitter.
Passou hidratante em todo seu corpo, primeiro passou gelo em toda a pele de seu rosto e demoradamente e cuidadosamente fez sua maquiagem, corretivo, base colocada em pequenos dots acumulando e formando uma mascara de pó compacto e proteção, cílios postiços muito longos e bordô, sobrancelhas cobertas pelo mesmo tom do rosto davam lugar a uma nova redesenhada habilmente por suas mão firmes. Batom e por cima do batom, gloss e por cima do gloss um pouco de glitter.
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Vestiu seu vestido, encaixou seus seios por baixo de seus peitos e para segurar tudo no lugar seu corselete, sem meias-finas calçou seus saltos de vinil preto altississímos meio plataforma na frente e salto de ferro. Abriu outra porta do guarda-roupa e prateleiras de perucas, pensou em morena, era seu natural, como ruiva fazia muito sucesso, mas as loiras sempre se divertem muito mais, lisas Heidi ou cacheadas Giselle. Lisas definitivamente, anéis, pulseiras, uma bolsinha básica, bolerinho e muito perfume no colo do pescoço, nos pulsos, atrás das orelhas e seus brincos gigantes e muito mais perfume na peruca.
Vestiu seu vestido, encaixou seus seios por baixo de seus peitos e para segurar tudo no lugar seu corselete, sem meias-finas calçou seus saltos de vinil preto altississímos meio plataforma na frente e salto de ferro. Abriu outra porta do guarda-roupa e prateleiras de perucas, pensou em morena, era seu natural, como ruiva fazia muito sucesso, mas as loiras sempre se divertem muito mais, lisas Heidi ou cacheadas Giselle. Lisas definitivamente, anéis, pulseiras, uma bolsinha básica, bolerinho e muito perfume no colo do pescoço, nos pulsos, atrás das orelhas e seus brincos gigantes e muito mais perfume na peruca.
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Seu taxista-amigo-marido já esperava na portaria do prédio, quando a porta do elevador abriu, ele levou um susto, afinal ele (a) havia prometido que não se montaria mais, então ele perguntou o porquê e ela decidida disse: Darling essa é minha última noite e preciso brilhar você não irá comigo, irá me deixar na porta e nos encontramos em casa depois de seu turno, quando esta noite acabar tudo será como combinamos. E ele beijou sua mão, disse ok, abriu a porta carro para que ela entrasse, não disse uma palavra durante o caminho inteiro apenas colocou a mão dela em sua coxa e sua mão por cima da dela e disse que a pegaria pela manhã quando estivesse voltando do trabalho.
Seu taxista-amigo-marido já esperava na portaria do prédio, quando a porta do elevador abriu, ele levou um susto, afinal ele (a) havia prometido que não se montaria mais, então ele perguntou o porquê e ela decidida disse: Darling essa é minha última noite e preciso brilhar você não irá comigo, irá me deixar na porta e nos encontramos em casa depois de seu turno, quando esta noite acabar tudo será como combinamos. E ele beijou sua mão, disse ok, abriu a porta carro para que ela entrasse, não disse uma palavra durante o caminho inteiro apenas colocou a mão dela em sua coxa e sua mão por cima da dela e disse que a pegaria pela manhã quando estivesse voltando do trabalho.
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(Acordos selados com beijos são melhores do que acordos fixados com apertos de mãos)
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