sábado, 7 de novembro de 2009

O ciúmes é uma causa perdida de que todos querem participar.

De repente ele se viu só, a música já não estava mais tocando, existia apenas o som dos carros passando na rua, a moto que explodia seu escapamento, numa rua tão curta, com raiva esperava que um carro viesse de frente e partisse o motoqueiro ao meio. Isso era maldade demais, mas se sentia assim um tanto quanto mal naquela manhã.

O cheiro do teu perfume, o qual você levou um tempão pra escolher, ainda estava no ar, e de certa forma isso lhe dava um pouco de aflição, o ciúmes é uma causa perdida da qual todos querem participar mesmo que involuntariamente.

O sol brilhava lá fora, mas em sua mente havia uma tempestade de pensamentos, insegurança. Olhou para a caneca ao lado e pensou em tomar um gole de seu café, mas olhando bem dentro da caneca viu uma formiguinha que tentava não se afogar, pensou em ser “bonzinho” e retira-la de dentro da caneca, mas ele estava mau naquela manhã e decidiu assistir seu esforço por um tempo até que insatisfeito foi até a pia e abriu a torneira virando tudo ralo abaixo. Lembrou do veneno que sua amiga lhe deu; pensou em seu próprio veneno, achou que ele não servia para nada tinha efeito passageiro e passageiro ele se sentia nessa nova viagem.

Ascendeu mais um cigarro, já era o terceiro na seqüência, se sentia um tanto quanto estúpido por sentir tanta aflição, sabia que tinha sido duro demais quando falou que você não poderia voltar pra dormir lá, mas na verdade nem ele mesmo sabia o porquê tinha dito isso. Pensou em ligar pra você e dizer que tinha se enganado, mas achou melhor esperar que as coisas se acalmassem. Dentro dele ele sentia;

Talvez fosse o maldito ciúme, talvez a maldita insegurança, talvez sua própria tolice.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ele pensou. Ele chorou e novamente sorriu.

Talvez fosse como viver em outro corpo ele sentia; Quando uma vida inteira de tombos e hematomas te torna dormente. Algumas coisas não parecem fazer sentido; como uma dor que já não dói mais. Como um corte que não sangra nem um pouco. O transpassar de uma faca por entre a carne. Mas nada faz sentido.

Talvez fosse como viver uma outra vida ele percebeu; Um coração machucado que temia amar. Vultos que davam calafrios, mas esquecido de quem eram os fantasmas. Seus braços fracos que não sabiam abraçar. Uma boca seca sem saliva pra beijar.
Talvez houvesse esperança ele pensou; Sentado em seu canto analisava as opções que tinha, não eram muitas, mas o suficiente para recomeçar algo, talvez mudar de nome fosse trágico demais. Mudar de cidade podia parecer fuga. Mas não somos todos tolos e tentamos sempre fugir de algo que não tem como se esconder.

Nós mesmos. Ele pensou. Ele chorou e novamente sorriu. Parecia, novamente, sentir algo. Começava então observar seus machucados e hematomas, todos pareciam recém feitos, sentia o sangue quente escorrer de cortes de uma pele fria que re-esquentava. Sua boca salivava pelo sabor de novas descobertas.

Retirou então a faca de seu peito.