sábado, 13 de dezembro de 2008

Coisas

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Coisas que falamos e nunca mais poderemos engolir de volta.
Coisas que fazemos e nunca mais poderemos desfazer.
Coisas que não falamos, mas deveríamos, e a chance de dizer, passou.
Coisas que não fizemos e jamais teremos outra oportunidade.
Coisas que pensamos que são maravilhosamente malvadas e deliciosas, e sabemos, lá no fundo, nunca poderemos fazer.
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O homem que virou gelatina.




Era domingo, mas tinha muitas coisas pra fazer então coloquei meu relógio para despertar bem cedo, na noite anterior tinha ficado num bar com uns amigos da faculdade até muito tarde, então acordar cedo era um sacrifício. Como acordar todo dia pra ir trabalhar, meu trabalho tem sido uma correria, muito pra fazer, nossa empresa está um pouco que decaindo, essa crise mundial já está chegando nesta filial Paulista, mas como o Natal se aproxima, não poderia deixar coisas pro ano que vem, por que todo ano é assim, vai chegando o Natal fica tudo tão difícil. Tudo. Arrastamos nossas obrigações pro ano seguinte são as festas de fim de ano, eu acho.


Bom, mas ainda na cama ao ouvir o despertador pensei em enrolar mais um pouco deitado, tentei virar pro lado, mas ouvi um barulho estranho parecia que estava sobre um colchão d’água, não entendia aquele som... Virei de novo pro lado do relógio e ouvi o som de novo, mas desta vez prestei mais atenção ele vinha do meio da cama, do meio do corpo, achei que algo que comi no buteco me fizera mal; então podia ser, só, minha barriga reclamando, coloquei minhas mãos sobre ela, ela estava mole, flácida, úmida, levantei o lençol, correndo, para olhar o que estava acontecendo, ela estava com uma cor alaranjada.


Começava subir por minha garganta um calor e o desespero tomava meu corpo, tentei levantar e coloquei uma perna pra fora da cama, com dificuldade consegui, mas quando me apoiei em minha outra perna quase fui ao chão, minhas mãos bateram contra a parede e deixaram nela uma macha laranja e viscosa, virei as palmas sentido meus olhos e elas estavam quase transparentes.


Sentia algo escorrer pelo meu rosto achei que era suor, frio, pelo esforço e sofrimento que passava, então tentei secar minha testa com meu antebraço, mas ficou mais melado, meu braço melava meu rosto e meu rosto melava meu braço.


Escorando-me cheguei ao banheiro o único lugar onde tenho espelho em casa, ascendi a luz para ver melhor, eu estava todo laranja e quase transparente meu rosto, meu peito, meus braços, minha barriga escorria de mim pelas minhas coxas, quase via o outro lado.


Abri correndo o chuveiro, achando que estava sonhando e precisa de um banho para acordar, quando a água tocou meu rosto estava morna, comecei sentir uma sensação boa, havia passado o desespero, sentia uma calma enorme, alívio, mas não percebia que a água morna me fazia escorrer pelo ralo.



Gosto esquisito

Hoje acordei sentido um gosto esquisito na boca. Não, não era gosto de guarda-chuva, eu nem bebi ontem à noite, na verdade minha vida tem sido um tanto quanto pacata, saio de casa, super cedo, levo duas horas pra chegar ao trabalho, quando chego lá, sigo minha rotina de sempre.

Ligo meu computador, faço o login no sistema, penduro meu paletó na cadeira e vou à cafeteria pegar um café, com leite, por que tomo café demais (o médico disse que era melhor com leite); Desço de novo para o jardim do prédio que fica na entrada e fumo um cigarro, e volto pra minha sala de novo, finjo trabalhar, no almoço, quase todo dia, vou num kilo aqui do lado, com uma amiga (gostosa), que até me dá uma bola, mas é casada então finjo que não noto.

Ela sempre faz piadinhas sobre como minhas pernas devem ser grossas, por que eu joguei muito futebol quando era moço, com meus olhos verdes, estou quase com quarenta anos, mas ainda sou bonito e solteiro, corro na academia enquanto leio um livro, finais de semana sempre vou nadar num clube que meu irmão é sócio, somos bem parecidos então entro com a carteirinha dele.

Depois do almoço, ainda desço pra fumar outros cigarros e pego outros cafés, preparo meus relatórios super rápido pra quando der seis horas eu possa sair correndo e ir pra rua.

Sempre saio correndo para parecer que tenho um compromisso super importante, para que as pessoas não desconfiem que sou sozinho, quando me chamam nas sextas pra ir ao happyhour, eu sempre digo que tenho algo pra fazer, mas na verdade, às vezes, pego o metrô só pra ver gente diferente, vou de um lado para outro. Vou da linha verde pra azul, pra vermelha, pra azul de novo e volto pra verde que é linha que me leva pra perto de casa.

Chego em casa descongelo algo pra comer, pego um livro e leio enquanto como, (não tenho TV), até me dar sono. Tomo banho escovo meus dentes e vou dormir, pra começar tudo de novo no dia seguinte.

Mas ontem foi diferente, acho que por isso sinto este gosto em minha boca, eu me apaixonei perdidamente por você, na linha verde eu te vi, estávamos indo pra mesma direção, você com seus cabelos vermelhos e encaracolados, passei por você e tentei pegar teu perfume, ele está na minha memória, sua pele branca com sardas, seus sapatos de saltos super altos e suas unhas vermelhas, meu DEUS, queria que você tivesse sentido seu coração parar por mim como o meu parou por você. Acho que este gosto de minha boca deve ser paixão.

(Pracy)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Ele, telefone, o outro e eu com isso e isso errado e esperando por aquilo e aquilo certo.


Ele – Olá boa tarde!
Eu – Boa tarde entra!
Eu – Nossa demorou era pra você vir aqui antes das 13h.
Ele – É final de ano todo mundo quer fazer um “upgradi
Eu – Entendi (meio impaciente)
Ele – Então a ordem de serviço é essa, é pra fazer isso e isso?
Eu – Mas, não foi isso e isso que eu pedi; Pedi aquilo e aquilo.
Ele – Estranho. Vou ter que estar ligando na central.
Eu – Tudo bem ligue então na central pra saber o que aconteceu.
Ele – Então “outro” o “Eu” disse que ta tudo errado, ele não quer isso e isso não.
Outro – Mas é o que mostra aqui. Vou estar ligando pro “Eu”
Telefone – Trin, trin...
Outro – Olá “Eu” tudo bom? Então senhor estou ligando pra estar confirmando a ordem de serviço.
Eu – Não existe ordem de serviço pra confirmar por que o serviço está errado!
Outro – Não é possível senhor, está no computador e o computador não erra.
Eu – Então o computador não erra, mas a pecinha que fica na frente dele vendendo serviço pode errar não é? Eu pedi aquilo e aquilo e não isso e isso.
Ele – (apenas observando e escutando)
Outro – Senhor dá pra você estar explicando que não estou entendo.
Eu – Então, quando me ligaram me ofereceram aquilo e aquilo isso eu tenho e outro isso viria junto com o aquilo, um isso tá certo, mas tá faltando um aquilo.
Outro – Senhor, ainda não estou conseguindo estar entendendo.
Eu – Tudo bem explico de novo. (puto já). Aquilo e aquilo ao contrário do isso e isso.
Outro – Senhor ainda não deu pra estar entendendo.
Eu – Posso te perguntar uma coisa?
Outro – Pode sim senhor estar me perguntando o que quiser.
Eu – Você é bonito?
Ele – (olhos arregalados)
Outro – (gaguejando) Senhor não estou entendo a pergunta?!
Eu – Você só pode ser bonito, acho que você escolheu ser bonito não é?
Outro – Ainda não entendo senhor.
Eu – Explico então, você só pode ser bonito, aliás, lindo, por que você escolheu ser burro como uma porta. (Falei)
Ele – HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Só então “Eu” me dei conta da grosseria, que feiura!
Outro – (disse nada)
Telefone – Tun, tun, tun, tun, tun

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Madalena

Eu ouvi essa música tantas vezes, mas ontem foi a primeira vez, ao traduzir para o inglês, eu realmente tive goozebumps, não sei se era o contexto no qual fazia a tradução e/ou a reação do M. em descobrir pela primeira vez (como eu) o que uma canção tão conhecida realmente podia significar, pelo menos naquele momento.
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Madalena, o meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu.
Fique certa, quando o nosso amor desperta
Logo o sol se desespera
E se esconde lá na serra
Madalena, o que é meu não se divide
Nem tão pouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua se arrisca num palpite
Que o nosso amor existe
Forte ou fraco alegre ou triste
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Can our hearts really perceived everything which is around? If "the heart is deceitful above all things" how it might not be mistaken now and then?
How can we avoid bad surprises?
How can we not be afraid to love again?
Do we need to let go the past and forget everything done and start all over again with the undone?
Sometimes..."all we need is to let go who we were to become who we will be".

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tudo que vejo são faróis vermelhos.

Estávamos num “Prainha” conversando, contando piadas lamentado uma bolsa roubada pensando: Aonde o mundo vai parar deste jeito?

Derrepente num impulso, que achei que fosse pressa por causa do horário do metrô, decidi ir embora, quando alcancei a calçada e entre as pessoas que paradas estavam, me senti livre, mas pensei no por que da pressa.

Andando na Avenida Paulista tudo que via eram faróis vermelhos, à minha direita à minha esquerda e a minha frente, derrepente pensei: Pressa pra que? Pra chegar onde? Por quê?

Podia ter ficado mais, ter pegado um ônibus, um taxi podia ter dormido na casa da minha querida amiga, ela não se importaria... mas tive pressa, pressa de ficar só comigo, com meus pensamentos, a visão das luzes entre os prédios (luzes vermelhas, pára-raios dos prédios de trás dos que estavam a frente) desejando que fossem estrelas (make a whish).

Enquanto descia as escadas do metro, menina bonita tatuada com flores vermelhas em seu ombro direito (americam, talking about how much she likes aipins), desço as escadas, espero no verde para ir para a azul.

Moço de pólo vermelha com listras brancas olha pra mim... estranho ele vai até a frente e volta, sinto receio me afasto.

Conversa Incidental

- É esse o metro que vai pro Paraíso?
-Sim, é!
-Puta que pariu! Verde, azul, vermelha.
-Puta que pariu mesmo, vermelho lá no final é longe, demora.
- É, eu moro aqui perto, mas meu coração estava tão acelerado, eu não consegui parar. (whishing yours felted the same about me)
-Por quê?
- Dois meses sem falar com minha ex e ela me ligou hoje. Estava bebendo sozinho aqui na Paulista das seis horas até agora, sozinho! (era meia noite já). Senta do meu lado, por favor?
(Ele precisava desabafar, e eu sou apenas a testemunha, você não se lembrará de mim, mas você está escrito aqui.)
- Ok!
-Então véio, nós namoramos sete anos e ai ela terminou comigo do nada, sem explicação (even though I try, u wouldn’t let me explain), eu insisti...
-Você não ligou?
-Liguei, mas ela não atendeu.
- Mas você atendeu a ligação dela hoje e agora vai assim mesmo?
-Sim, por que eu amo. (Do the same for me)
-Cara sua estação.
-Me dá um abraço véio, valeu brother!
-Cara boa sorte.
-Tchau
-Ciao


Continuo com meus pensamentos...

Observo a menina que sentada se despede do namorado e enquanto ele sobe as escadas ela faz gestos com os braços e mãos significando um coração, um vento sopra e em meio o abafado do metro e sinto arrepios.

Observo o menino “japonesinho” jogando como doido em seu celular, a menina de cabelos vermelhos e patas de bode, que me olha pelo reflexo da janela, o tiozinho que cansado ronca no final do vagão e todas as outras caras e sapatos, poderia descrever cada roupa, cada penteado, cada expressão, cada pessoa e contar sua história (inventada) em meus pensamentos.

Eu sou apenas a testemunha dos faróis vermelhos, das luzes vermelhas, das tatuagens de flores vermelhas, das camisas pólo de cor vermelha, dos cabelos vermelhos, dos crações acelerados vermelhos (just like mine). E é só quando me aproximo de casa, num prédio recém construído, o alívio de sentir ao cheiro noturno de flores brancas, podiam ser Damas da noite, Jasmins, Rosas Madeira, mas não sei o que são, apenas me agradam, algo me consola nada mais de vermelho nem os faróis, estão todos verdes e as flores são brancas.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Gravity.

Something always brings me back to you.
It never takes too long.
No matter what I say or do,
I still feel you here 'till the moment I'm gone.

You hold me without touch.
You keep me without chains.
I never wanted anything so much
Than to drown in your love and not feel your rain.

Set me free, leave me be.
I don't want to fall another moment into your gravity.
Here I am and I stand so tall,
I'm just the way I'm supposed to be.
But you're on to me and all over me.

You loved me 'cause I'm fragile.
When I thought that I was strong.
But you touch me for a little while
and all my fragile strength is gone.

Set me free, leave me be.
I don't want to fall another moment into your gravity.
Here I am and I stand so tall, just the way I'm supposed to be.
But you're on to me and all over me.

I live here on my knees
As I try to make you see
That you're everything I think I need
Here on the ground.

But you're neither friend nor foe
Though I can't seem to let you go.
The one thing that I still know
Is that you're keeping me down
You're keeping me down, yeah, yeah, yeah

You're onto me, onto me and all over
Something always brings me back to you
It never takes too long


domingo, 7 de dezembro de 2008

Cheiro de chuva

Adoro o cheiro da chuva logo que molha o asfalto quente, é um cheiro peculiar, cheiro de chuva fresca e asfalto ardido, me lembra tanto minha infância dias longos de horário de verão, quando ela começava corria tocando nas casas dos amigos vizinhos para irmos tomar banho de chuva, era divertido, correria, gargalhadas, um jogando o outro na poça d’água ou batíamos com pé de lado nelas pra molhar quem já estava ensopado. Adorava sentir os meus cabelos caindo no rosto, roupas grudadas ao corpo o que não nos limitavam em aproveitar uma coisa simples e normal como um final de tarde com chuva de verão.

A ponte.

São os braços que ligam um lado ao outro, mas que adianta ser só a passagem? Pois ela apenas conecta, mas não é capaz de manter, absorve um pouco da felicidade dos encontros e o pezar das partidas. Chinelos, sapatos, saltos, botas, calçados que partem no peso do arrastar ou na pressa de chegar é apenas isso que leva em suas costas, nada fica, tudo e todos querem se conectar ou desconectar de algo, se prender ou se desprender e é por meio dela que acontece. Superando grandes alturas ou grandes profundidades já uniu povos e amantes, amigos vindo de lugares distantes, também já separou famílias e as dores vizinhas, mas ela está lá pra esperança de alguns ou pra solidão de outros.

Eu falo demais.

Eu preciso encontrar um jeito de controlar minha boca, sempre falo demais, sobre mim mesmo, e sobre o que penso sempre me coloco em situações que não deveria me colocar um amigo americano (G) uma vez me disse que tenho muita opinião e que nem sempre estou certo, concordo com ele meu problema não é ter opinião, (creio), uma vez que todo mundo tem a sua própria, meu erro é expressa-la a minha maneira. Fuck!