segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ele pensou. Ele chorou e novamente sorriu.

Talvez fosse como viver em outro corpo ele sentia; Quando uma vida inteira de tombos e hematomas te torna dormente. Algumas coisas não parecem fazer sentido; como uma dor que já não dói mais. Como um corte que não sangra nem um pouco. O transpassar de uma faca por entre a carne. Mas nada faz sentido.

Talvez fosse como viver uma outra vida ele percebeu; Um coração machucado que temia amar. Vultos que davam calafrios, mas esquecido de quem eram os fantasmas. Seus braços fracos que não sabiam abraçar. Uma boca seca sem saliva pra beijar.
Talvez houvesse esperança ele pensou; Sentado em seu canto analisava as opções que tinha, não eram muitas, mas o suficiente para recomeçar algo, talvez mudar de nome fosse trágico demais. Mudar de cidade podia parecer fuga. Mas não somos todos tolos e tentamos sempre fugir de algo que não tem como se esconder.

Nós mesmos. Ele pensou. Ele chorou e novamente sorriu. Parecia, novamente, sentir algo. Começava então observar seus machucados e hematomas, todos pareciam recém feitos, sentia o sangue quente escorrer de cortes de uma pele fria que re-esquentava. Sua boca salivava pelo sabor de novas descobertas.

Retirou então a faca de seu peito.

2 comentários:

Silvinha disse...

nao vejo a hora...

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

soon, maybe not soon enough, maybe too fast, just one day at time.