terça-feira, 2 de novembro de 2010

"A gota que falta"

Em pé na lavanderia em sua casa enquanto passava sua camisa para ir trabalhar no dia seguinte, pensava em todas as coisas que haviam acontecido nos últimos meses, coisas que eram boas e outras não tão boas assim, pensava que a vida era assim mesmo, pois sabia que quando não se consegue mudar "certas" coisas é melhor se conformar e torcer pra que outras coisas melhorem de outra forma. Tinha tanta convicção de que ia tudo ser diferente, mas no fundo no fundo tinha poucas esperanças de que as mudanças realmente seriam boas. “... Não se afobe não que nada é pra já...”

E olhando em volta estava sozinho mais uma vez, apenas aquele velho CD da Ro ro tocando ao fundo, iluminado pela aquele velho abajur de luz amarelada onde a fumaça do cigarro se misturava ao vapor do ferro, formando um balé de cores e nuances. Silhuetas subindo perdidas e se achatando ao teto. “... A eterna desventura de viver...”.

Queria que não sentisse tanta raiva da eterna impotência humana perante algumas coisas da vida, mas era tão humano sentir raiva, e sentir-se só e nada podia fazer se não, apenas continuar passando sua camisa e apreciando a mistura de vapor e fumaça de seu cigarro subindo solta e se achatando ao teto. “... Milênios no ar...”