sábado, 28 de fevereiro de 2009

Stage fright.

Meu não sei o que tem acontecido, eu sou uma das pessoas mais cara-de-pau, que conheço. Na minha época, já tirei a roupa em peça de teatro na escola, já vesti cueca de pelúcia, calça com estampa de vaca, colete de latinhas de coca-cola, mas sexta feira dia 27 me ocorreu algo extremamente novo, tive uma crise de tremedeira na apresentação de um trabalho na facul, nossa eu mal conseguia segurar minha cabeça, imóvel.

Tive que ir pro canto e sentar no chão, mistura de tanta coisa, tudo ao mesmo tempo, inferno astral, ansiedade e insegurança, sei lá tudo num mix de raiva e decepção.

Mal consegui ler meu texto, (escrevi em casa dez minutos antes de sair pra facul), não me sentia despreparado para ler-lo, muito menos desconfortável com a profundidade ou superficialidade do que escrevera. Mas acho que foi como na primeira vez que tive que ler (em inglês) a explicação de um trabalho de arte na facul em Phily, mas essa sensação se multiplicou de uma forma incrível.

Olhava em volta, via rostos de gente que estou acostumado contar piadas e fazer brincadeiras com duplo sentido, mas naquele momento me senti tão vulnerável certo stage fright que me cobriu, muito “sinistro”.



Bom, aí vai o texto:

O meu eu lírico pode ser masculino, mas pode ser feminino também ou de forma nenhuma ter gênero algum, se divide entre vozes e imagens, coisas que vejo, coisas que ouço, os que me tocam e se deixam, por mim, tocar.
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Sou assim, e não sei ser de outra forma, meio que feito de palavras, das tuas e das minhas. Feito e desfeito inquieto por outras pessoas e suas tempestades, misturando tudo em tornados e meus sonhos de calmaria, e de tuas mãos, fizeram em mim companhia.
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Misturo-me entre destas e daqueles, do teu feminino que me empresta a boca e o meu masculino que te dá a mão. Entre outras coisas, sou no silêncio do vazio, e me vou entre vozes de roucas confições ao pé do ouvido, mas amo as gritadas conversas jogadas fora envolta de uma mesa. E não mais me desespero no só ou no escuro.
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Seria um pouco difícil me (re)definir em uma coisa apenas, por isso me defino em meu e em teu reflexo. E QUANDO TUDO FOR SÓ LEMBRANÇA DE UMA VIDA QUE JÁ PASSOU o espelho que mostra as marcas do meu rosto, marcas de sorriso ou preocupação que reflete, como em filme mudo, todos os outros rostos que por minha vida passaram e não mais vivo de saudade e sim de imagens, de histórias que eu vivi, pessoas que conheci, virando contos largados ao soprar do vento como as nuvens que se foram e que vão pelo mundo, levando chuvas e outras tormentas, lavando tudo. Todos.
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Todas as pessoas que passam por nossas vidas deixam alguma marca, sorrisos ao correr de uma inesperada e rápida chuva de verão ou no sorriso de andar abraçadinhos em baixo do meu guarda-chuva numa noite fria e chuvosa, mesmo que todo o resto seja só uma imagem que fica, de teu sorriso breve, mas não é breve a marca do teu sorriso.
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(A arte era um pedaço de madeira branca de 29X42cm, com um espelho de "caminhoneiro" pregado nele)

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