segunda-feira, 9 de março de 2009

Olhos, asfalto e perfume.

Procurava entre minhas coisas, alguma coisa física que poderia me ajudar a lembrar você. Esvaziava os bolsos, das calças do terno de risca de giz, do bolso do paletó também, fui tolo o suficiente em checar até mesmo embaixo da gravata.
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Haviam retirado dos bolsos uma carteira, alguns documentos, uns R$ 70,00, alguns cartões de crédito, cartões de visita de amigos e desconhecidos, entre os cartões uma foto 3X4, mas não era a tua. Dois chicletes restavam no bolso, destes um sem mastigar e o outro mastigado e embolado num pedaço de folha de caderno, não tinha lixo pra jogar então coloquei no bolso. Havia também as chaves do carro e de casa, não da tua, somente da minha. Meu telefone celular, sem ligações perdidas ou mensagens não lidas. O crachá da empresa, me esquecera de devolver na saída do prédio, nem lembro como sai. Correndo atrás de você. No meio da multidão em minha frente via apenas teus olhos no reflexo do espelho do elevador.
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Na verdade não me lembro como cheguei ao meio desta avenida onde estou agora deitado, vejo, de olhos fechados, o povo que agora se aglomera, para me espiar, ainda ouço as buzinas dos carros em volta e o som da ambulância que se aproxima. Vejo, agora de cima, você correr em direção o bolo de gente, em teus olhos vejo desespero, mas você nem me conhecia, vejo lágrimas em teus olhos e de repente, me deu um alívio, você me notara também, quando passou saindo apressado do elevador, vi um breve sorriso e meu coração encheu-se de alegria e segou-se, atravessando a rua tentando te alcançar não vi o carro se aproximar, nem ouvi buzinar. Meu corpo foi leve ao ar e forte bateu, depois de minha cabeça, ao chão. Quando você olhou pra trás.
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Deixe-me passar, sou médico você disse. Mas não era de verdade apenas, trêmulo, segurou minha mão e a única lembrança que ficou foi teu calor que esquentava minha mão que esfriava e teu cheiro que chegava até a mim, eu, agora em pé e levemente curvado ao teu lado, que ajoelhado estava ao lado do que era eu, senti o cheiro de teu perfume enquanto sussurrava em teu ouvido: Foi amor a primeira vista não foi?
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(Uma eterninade não apaga algumas coisas nem mesmo o perfume, amado, que o cheiro durou apenas alguns segundos. Melhor um amor que durou segundos, do que uma vida sem amor)

3 comentários:

Silvinha disse...

muito filmes, muitos roteiros na cabeça... você tá uma máquina, hein?

giacca, synbad, tchuca... disse...

puta q pariu, hein, Miel? excelent! isso dava um PUTA filme pro festival do minuto. fiz uma narrativa pra um filme anos atras, mas parei na hora de filmar. devia ter ido ate o fim (na epoca eu tinha tempo). imaginei a narrativa (com ajustes pra caber no tempo), tomadas de cima na Paulista, imagens faceis de capturar com uma simples cybershot... good stuff!

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

(...)
Thank u guys u rock my world, lol.