terça-feira, 7 de abril de 2009

Canto S2

Os peixes do meu aquário já derreteram e agora são manchas, borrões de papel pardo na água verde. Bóiam em meio às memórias junto às mazelas de pessoas e suas histórias. Nada realmente faz sentido e nem sentido se faz do que se sente. Nada, percebe a chuva dos olhos que lava para baixo a tinta escura.
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Escorrem de lábios semi abertos palavras inesperadas que encontram sentidos inexpressivos que nada sentem, que nada pronunciam, aos olhos que da boca não ouvem. Deitado na grama em meio aos seus lençóis observa o teto abrir-se em céu, cheio de branco sendo levado pelo tumulto, dando lugar ao cinza. Manchando tudo de azul noturno.
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Respira de cima do telhado o cheiro do capim molhado, corre, mas sua tentativa, tola, de se esconder o põe embaixo do raio que parte ao meio um que se foi e outro que ainda será, que sorri entre frestas da janela do futuro enquanto se fecham, outras, bocas entre as cortinas do passado.
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Muito que nada foi, tudo que nada é, aquela lembrança que ecoou numa memória distante do que passou e não e passará dias longos e claros castrando com noites de breu intenso e curtas a longa memória que o tempo não rouba, mas dilui.
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Dor que dói, a ponto de adormecer a dor, deixa-se sentindo sem sentido e sensação de não sentir, deixa-te lágrimas que se cobrem em soluços e soluços que viram canções, estas que lábios não lêem, mas o coração ouve a luz do sol entrar pelo buraco da fechadura e do fundo tirar as sombras do desenho que se forma nos cantos do coração.
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(Se é pra ser o que que seja, que seja o que quer que é!)

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