sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O homem que virou gelatina.




Era domingo, mas tinha muitas coisas pra fazer então coloquei meu relógio para despertar bem cedo, na noite anterior tinha ficado num bar com uns amigos da faculdade até muito tarde, então acordar cedo era um sacrifício. Como acordar todo dia pra ir trabalhar, meu trabalho tem sido uma correria, muito pra fazer, nossa empresa está um pouco que decaindo, essa crise mundial já está chegando nesta filial Paulista, mas como o Natal se aproxima, não poderia deixar coisas pro ano que vem, por que todo ano é assim, vai chegando o Natal fica tudo tão difícil. Tudo. Arrastamos nossas obrigações pro ano seguinte são as festas de fim de ano, eu acho.


Bom, mas ainda na cama ao ouvir o despertador pensei em enrolar mais um pouco deitado, tentei virar pro lado, mas ouvi um barulho estranho parecia que estava sobre um colchão d’água, não entendia aquele som... Virei de novo pro lado do relógio e ouvi o som de novo, mas desta vez prestei mais atenção ele vinha do meio da cama, do meio do corpo, achei que algo que comi no buteco me fizera mal; então podia ser, só, minha barriga reclamando, coloquei minhas mãos sobre ela, ela estava mole, flácida, úmida, levantei o lençol, correndo, para olhar o que estava acontecendo, ela estava com uma cor alaranjada.


Começava subir por minha garganta um calor e o desespero tomava meu corpo, tentei levantar e coloquei uma perna pra fora da cama, com dificuldade consegui, mas quando me apoiei em minha outra perna quase fui ao chão, minhas mãos bateram contra a parede e deixaram nela uma macha laranja e viscosa, virei as palmas sentido meus olhos e elas estavam quase transparentes.


Sentia algo escorrer pelo meu rosto achei que era suor, frio, pelo esforço e sofrimento que passava, então tentei secar minha testa com meu antebraço, mas ficou mais melado, meu braço melava meu rosto e meu rosto melava meu braço.


Escorando-me cheguei ao banheiro o único lugar onde tenho espelho em casa, ascendi a luz para ver melhor, eu estava todo laranja e quase transparente meu rosto, meu peito, meus braços, minha barriga escorria de mim pelas minhas coxas, quase via o outro lado.


Abri correndo o chuveiro, achando que estava sonhando e precisa de um banho para acordar, quando a água tocou meu rosto estava morna, comecei sentir uma sensação boa, havia passado o desespero, sentia uma calma enorme, alívio, mas não percebia que a água morna me fazia escorrer pelo ralo.



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