sexta-feira, 27 de março de 2009

A Felicidade É Um Par De Botas - II

Ela era uma moça moderna e independente, que passava por uma fase estranha em sua vida. Estava confusa em sua carreira profissional, tinha um chefe casado que a assediava muito, mas ela que havia se separado do marido há algum tempo não queria rolo, assim pediu para ser transferida de departamento, mas o chefe não quis dar a transferência, ela por não querer se comprometer com a verdade, decidiu então fazer de tudo para ser mandada embora. E assim foi, já fazia algum tempo que ela andava de um lado pra outro da cidade procurando alguma coisa nova, um novo emprego. Mas seus caminhos a levavam cada vez mais longe de sua própria casa. Num dia de chuva, saindo de uma entrevista, vestindo seu tailler, sapatos fechados e por cima de tudo uma capa de chuva preta e muito elegante. Ela havia ganhado esta capa de chuva do ex-marido ela a amava (ela o amava, ainda, também) era do tamanho certo, com uma modelagem perfeita, mas seus pés estavam molhados, a capa só a protegia até certo ponto, então passando frente a um brechó, viu um par de botas na janela, era tão diferente de tudo que tinha, era perfeita, suas cores a altura do seu salto não combinaria com tudo que ela tinha, mas e daí? Decidiu entrar na loja, Que capa de chuva bonita disse o moçinho da loja ela o agradeceu e pediu para experimentar as botas, tirando sua capa molhada, com seus pés úmidos, as botas não os deixariam assim, perfeita, confortável, bonita, quentinha. Única. Quando viu o preço, sua carteira estava vazia e seu cartão de crédito estava cheio, pensou em não pagar a conta de luz este mês. Mas sabia que esse seria o segundo mês sem o fazer. Ofereceu seus sapatos em troca da bota, o moçinho disse que como aqueles tinha um monte. Bicha burra são italianos são Anastasio, pensou. Desiludida, meio que quase saindo da loja, ele disse: Espera. Essa sua capa de chuva serve de valor para troca, mas ainda está chovendo, ela disse. Ele falou troco pelas botas e pra você não sair na chuva te dou uma desta capas ai. Ela olhou e viu aquelas capinhas de saco plástico transparente, no monte, na bancada frente à porta, valia dois reais e cinquenta cada uma e pensou; Porque não!
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Lá ia ela; vestida no seu tailler com suas botas maravilhosas que não combinavam com sua roupa e aquele saco-plástico-feito-capa-de-chuva. Mas ai lembrou que a vida dela já estava estranha o bastante isso não faria a menor diferença só largaria mais uma parte do seu passado pra trás, se sentiu leve, se sentiu livre, talvez esse desprendimento não mudasse quem ela era, mas talvez as botas “novas” a levassem por novos caminhos.
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(E se as botas não a levassem a lugar algum, sabia que suas novas atitudes e maneiras fariam dela, como a bota, única)

2 comentários:

Silvinha disse...

i sure could use a new pair of boots... siiiiiigh.....

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

I need four pairs to my eight legs!! Hehehe