segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Independência ou sorte.


Troquei sim, troquei todas as pedras empunhadas e todas as outras que carregava no bolso do meu vestido e casaco por outras na minha vesícula e rins. Ah! Parece engraçado é? Mas não é, saudade curva agente pra frente. Nos faz adoecer nos faz amargar. Se pulasse hoje no rio afundaria mesmo estando nua, raspada, alma assada. Girava no espeto como frango de TV de cachorro, minha pele tostava e minha alma se consumia, entre o lamber dos beiços dos meus observadores e o afiar da faca do vendedor (fãs sedentos por um pedaço). Sim você já foi um também, mas você cresceu de mim, desencantou era apenas nostalgia de ser recantada em alguma festa quando você me ou-via passar.

Bêbada sedia os teus sussurros ao pé do ouvido, tonta de Cosmos, arrastava meu sapato, enquanto você segurava minha mão, acariciava meus cabelos, sentados num canto escuro de um bar qualquer da Vila, passava sua barba por fazer sobre meu decote. Adora quando não uso sutiã, mas não quando estou com você, só quando chega no meio da noite e estou nua deitada em sua cama. Por isso nunca me pediu pra devolver aquela chave.

Me promete mundos e fundos, mas olhando tua nuca pelo espelho é que sei que você mente. Finjo acreditar por que é bom, é bom ser a outra de vez em quando, não ter a obrigação de superar tuas expectativas. Não ter seu mau-humor matinal. Eu sei! Nada de verdade sai de minha boca neste momento. Digo isso, porque quero me convencer do inevitável, por que sinto que você está escapando entre meus dedos, e por isso, me afogo em suor de meus pesadelos, grito que não sai da boca, boca que queria estar em teu corpo.

Talvez, jamais, estaremos juntos como antes, eu sei, mas me aproveitava das oportunidades que tinha. Oportunidades de fingir que o tempo não mudou nossos rumos e que nossos rumos não mudaram o tempo. Eu vou superar tudo isso, me recomendaram um remédio home(m)opático, ele me ajuda dormir, com seu corpo quente perto do meu, e sua mão grande segurando a minha em meu peito, pelo menos desta vez sei que não ficarei viciada, como fiquei em você. Quanto aquela chave, amarrei às outras pedras que restavam e a joguei ao fundo do Ipiranga.

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