Estou mais perto dos quarenta do que estive dos trinta quando tinha vinte, a sensação de que o tempo corre muito mais, rápido, agora do que já correu em minhas veias. Meu relógio is ticking, ticking assust-a-dor-a-mente-veloz e às vezes me pego sentido inveja, inveja da juventude que meu passado experimentou. Não sei exatamente pra onde estou indo, sei que vou, pra algum, lugar, este que não me causa ansiedade nenhuma em descobrir, sou cidadã de meu mundo dona de meu universo.
Não posso negar que me coração por vezes pára em algum aeroporto qualquer, às vezes pára na frente de meu computador esperando que ele me mande um e-mail, dizendo que pensa em mim e que sente saudade, mas na verdade não precisa ser ele. Pode ser um novo suspiro ao passear pela cidade, que me reencontra, renova as esperanças, ou num reencontro inesperado num bar ou restaurante.
Só sei de uma coisa, não quero chegar aos meus quarenta, esperando, não sei se devo ir atrás, não sei se devo ir à frente. Mas não saber às vezes é bom, da friozinho na barriga, asas de borboletas roçando nas paredes de meu estômago, súbito arrepio de uma saudade de algo que nem mesmo sei o que, ainda, é, saudade de sentir saudade e ser objeto de saudade. Sim objeto; como aquela primeira bicicleta na qual aprendi a pedalar, ou uns patins que me derrubaram tantas vezes e me ensinaram a levantar sempre e nunca desistir.
Não sei se ando me expressando bem, você me entende? Acho que estou te confundindo, atrás das fretas das portas espio o mundo, não por medo de sair, mas por medo de não estar no mundo, no meu próprio, mundo esse que criei que acho que não sinto, sinto sim, curiosidade, sobre o que vem pela frente. Não sei dizer ao certo se é isso, não sei nem ao certo se quis dizer tudo isso, a vida é confusa. Agente se confunde pelo meio do caminho, medo, a solidão pode ser amarga, mas acho que não sentí la amarga muito mais. Entende?
Mas pra que parar tudo pra tentar entender o que digo, estou aqui sentada altas horas da madrugada, mas acho que já é dia no mundo lá fora, longe daqui de dentro. O sol brilha, lá longe, atrás das frestas de minha janela, a qual coloquei não pra me proteger, mas pra achar que não preciso achar nada. Abre agora, deixe o sol entrar. Aquele que queima minha retina, mas eu não ligo. Por que estou aqui deste outro lado que me fascina e me encanta.
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(Não pense que falo de você, falo de mim e do que não sou, coragem e coração, você.)
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